Mais de 50 milhões de brasileiros têm cerca de R$ 9 bilhões esquecidos no sistema financeiro. O valor está concentrado no Tesouro Nacional e pode ser consultado e sacado por meio do Sistema de Valores a Receber (SVR).
As informações referentes a fevereiro deste ano foram anunciadas pelo Banco Central brasileiro na terça-feira (8). No mês de referência, os correntistas sacaram R$ 258 milhões.
Os valores podem ser solicitados via SVR ou judicialmente até o próximo dia 17, quando se encerra o período de seis meses estabelecido pelo Tesouro. Após essa data, os recursos não resgatados serão incorporados à conta do Tesouro Nacional.
O Banco Central reforça que os recursos disponíveis no sistema poderão ser requisitados por até 25 anos. Após esse prazo, os valores não reclamados serão incorporados de forma definitiva ao patrimônio da União.
Até o fim de fevereiro, o valor total ainda não resgatado pelos brasileiros somava R$ 9,024 bilhões. Desde o início do programa, já foram devolvidos R$ 9,713 bilhões de um total de R$ 18,737 bilhões disponibilizados pelas instituições financeiras no Sistema de Valores a Receber (SVR).
Para acessar valores de pessoas falecidas, é necessário comprovar vínculo como herdeiro, inventariante, testamentário ou representante legal.
Mais de 50 milhões ainda não fizeram o resgate
De acordo com dados atualizados até o final de fevereiro, 46,4 milhões de pessoas físicas e 4,2 milhões de empresas ainda não acessaram os valores disponíveis. Por outro lado, cerca de 29 milhões de brasileiros já realizaram o saque — 26,5 milhões de pessoas físicas e 2,5 milhões de pessoas jurídicas.
A maioria dos valores não resgatados corresponde a quantias pequenas. Do total de beneficiários, 63,97% têm direito a receber até R$ 10. Outros 24,7% podem acessar valores entre R$ 10,01 e R$ 100. Já os que possuem quantias entre R$ 100,01 e R$ 1 mil representam 9,61%. Apenas 1,71% dos correntistas têm direito a valores superiores a R$ 1 mil.
O que é o Sistema de Valores a Receber
O SVR é um serviço gratuito oferecido pelo Banco Central que permite a consulta e o resgate de valores esquecidos em bancos, consórcios ou outras instituições financeiras. Entre os recursos disponíveis, estão:
- Saldos de contas-corrente ou de poupança encerradas;
- Cotas de capital e sobras de cooperativas de crédito;
- Recursos de consórcios encerrados e não procurados;
- Tarifas e parcelas cobradas indevidamente;
- Contas de pagamento encerradas (pré-pagas ou pós-pagas);
- Contas de registro mantidas por corretoras ou distribuidoras encerradas.
Como consultar e solicitar os valores
A consulta pode ser feita no site oficial do Banco Central: valoresareceber.bcb.gov.br. Para pessoas físicas sem conta gov.br, é necessário informar CPF e data de nascimento. No caso de pessoas jurídicas, é preciso inserir o CNPJ e a data de abertura da empresa.
Quem já possui conta gov.br com nível prata ou ouro e autenticação em duas etapas habilitada pode solicitar diretamente o resgate, selecionando uma chave Pix para recebimento. O prazo estimado para depósito é de até 12 dias úteis. A instituição financeira pode entrar em contato para confirmar os dados, mas não deve solicitar senhas.
Procedimento para casos específicos
Pessoas falecidas: É preciso acessar a aba correspondente no site, informar os dados do falecido e aceitar o termo de responsabilidade. Somente herdeiros, inventariantes ou representantes legais têm acesso.
Empresas encerradas: O acesso é liberado apenas para representantes legais. Após o preenchimento dos dados no sistema, será necessário contatar diretamente a instituição financeira para combinar a forma de devolução dos recursos.
Alerta contra golpes
O Banco Central reforça que:
- O site oficial é o único canal para consulta: valoresareceber.bcb.gov.br;
- Não há cobrança de qualquer taxa ou pagamento para acesso aos valores;
- O Banco Central não envia links nem entra em contato com o cidadão;
- Nenhuma instituição está autorizada a pedir senhas;
- Links enviados por e-mail, SMS, WhatsApp ou Telegram devem ser ignorados se forem suspeitos.
O serviço está disponível de forma contínua e gratuita, e o número do protocolo gerado após a solicitação pode ser utilizado para acompanhar o processo junto à instituição responsável pela devolução.