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A 10ª edição do Encontro das Pretas, o maior evento de cultura negra do Espírito Santo, acontece entre os dias 17 e 19 de outubro no Shopping Vitória, na capital. Com entrada gratuita, o festival funciona como uma plataforma para impulsionar os negócios de 50 afroempreendedores, além de contar com uma programação musical e cultural diversificada. Para empreendedoras que já participaram do evento, ele representa um ponto de virada na consolidação de suas marcas e na criação de uma rede de apoio e visibilidade.
O evento surge em um cenário de crescimento do empreendedorismo negro, que aumentou 22% entre 2013 e 2023, segundo dados do Sebrae. Apesar do avanço, as mulheres negras ainda representam menos de um terço do total de empresários pretos e pardos no país, enfrentando desafios adicionais para estabelecer seus negócios.
Da ideia ao negócio consolidado
A trajetória da bióloga Denize Nascimento, CEO da Nativa Ecocosméticos, exemplifica o impacto do festival. Ela iniciou a produção artesanal de cosméticos naturais para cabelos e pele em casa, para uso de familiares e amigos. Foi o contato com a organização do Encontro das Pretas, em 2015, que a fez perceber o potencial de negócio que tinha em mãos.
“No movimento dessas mulheres, dessa rede de afroempreendedoras, eu percebi que aquilo era um negócio, que existia uma demanda de mercado e existiam pessoas que iriam comprar se a minha produção fosse escalonada”, relata Denize.
Ela afirma que o processo de amadurecimento inicial da sua marca foi “100% por causa do Encontro das Pretas”. A colaboração com a rede de mulheres a ajudou a se enxergar como empresária e gestora, o que a levou a investir em conhecimento e comunicação. Hoje, seu negócio está consolidado e inclui uma linha profissional de tratamento.
Conexões, parcerias e representatividade
A articulação proporcionada pelo evento é um de seus principais focos. Claudia Meira, criadora da marca Cacau Moda Afro, conta que suas participações, de 2016 a 2023, foram essenciais para prospectar clientes e firmar parcerias que fizeram sua empresa prosperar. “O Encontro me tornou mais conhecida e trouxe possibilidades mesmo de reconhecimento e visibilidade, me ajudou muito. Isso também com relação a parceiros também”, destaca.
Denize Nascimento reforça a importância da visibilidade para atingir seu público-alvo: mulheres crespas e cacheadas. “O Encontro das Pretas me trouxe maturação do negócio, muita visibilidade, conexões, network, troca com outras profissionais, com outras empreendedoras”, afirma.
Para Claudia Meira, a representatividade foi o motor inicial de seu negócio. Ela começou a criar roupas a partir de uma demanda de suas três filhas – Jisely, Jaddy e Jessie –, que não se viam representadas nas lojas. Por meio das estampas e cores, sua marca conta parte da história do continente africano, um trabalho que ganhou força com o festival. O evento também gerou uma atmosfera de pertencimento para sua família e clientes.
“É uma coisa muito fantástica. Em 2016, quando a gente chegou no Encontro pela primeira vez, uma das minhas filhas se sentiu encantada porque tinham bonecas pretas, pessoas com cabelo parecidos com o dela… Tanto que, do nada, ela pareceu já trançada, com visual novo”, relembra. “Muitas pessoas chegavam até mim, no stand ou após o Encontro, e falavam sobre como se sentiram pertencentes naquele momento, ali. O Encontro realmente é poderoso”, completa.
Programação da 10ª edição
Neste ano, o Encontro das Pretas contará com 50 afroempreendedores expondo produtos e serviços que vão de moda, gastronomia, livros e arte a serviços automotivos. As atrações musicais confirmadas são Anastácia Santana Monteiro, Bruna da Silva Medeiros, Bruno Francisco Cruz e Branú Soares Moreira, que apresentarão repertórios com ritmos como rap, MPB, samba e música contemporânea afro. Tanto os expositores quanto os músicos foram selecionados por meio de chamamento público.
O evento é realizado pelo Laboratório de Tecnologia em Inovação Social Das Pretas e conta com patrocínio da EDP, viabilizado por meio da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC), da Secretaria da Cultura (Secult).
Paralelamente, a Loja Colaborativa do Encontro das Pretas já está em funcionamento desde 9 de outubro, reunindo produtos de afroempreendedores capixabas. O espaço ficará fechado durante os dias do evento principal (17, 18 e 19), reabrindo na sequência e permanecendo em atividade até 31 de outubro.
Serviço – 10º Encontro das Pretas
Quando: 17 de outubro (sexta-feira), das 18h às 22h, e 18 e 19 de outubro (sábado e domingo), das 10h às 22h.
Onde: Estacionamento do Shopping Vitória, Enseada do Suá, Vitória-ES.
Entrada: Gratuita.
