O casal Deliceia Figueredo e Genivaldo Lopes, moradores de Linhares, no norte do Espírito Santo, se reinventou por meio do empreendedorismo. Atuando desde 2013 na produção de móveis planejados e, mais recentemente, na fabricação de cachaças artesanais saborizadas, eles contam, em entrevista ao Em Dia ES, como a criatividade e a resiliência podem abrir novos caminhos.

Em 2013, Deliceia e Genivaldo iniciaram o trabalho confeccionando puffs e baús, inicialmente para uso próprio.

“Queríamos baús para guardar as coisas dos nossos dois filhos e começamos a produzir. Depois, começamos a atender salões de beleza, reformando cadeiras de salão”, conta Deliceia. A demanda cresceu e, em 2014, formalizaram o negócio ao abrir um MEI (Microempreendedor Individual). Desde então, passaram a produzir uma ampla gama de móveis planejados, como cozinhas completas, armários, estofados, móveis para banheiro, sala, quarto, closets e móveis planejados em geral.

Dez anos depois, o casal decidiu diversificar os negócios a fim de complementar a renda. “Como queríamos uma renda extra, já que a produção de móveis planejados é muito demorada e o retorno financeiro também, resolvemos investir nas cachaças artesanais saborizadas”, conta Deliceia.

A ideia de produzir as cachaças surgiu em 2023, quando Genivaldo buscava uma opção diferenciada de bebida. Deliceia pesquisou técnicas de vinhos e licores para desenvolver um processo artesanal de saborização. “Comecei com os sabores de coco, abacaxi e beterraba. Deu certo, e os amigos que provaram gostaram”, explica. Para garantir a qualidade do produto, eles firmaram uma parceria com o Alambique da Fazenda Caiana, em Jacupemba, na cidade de Aracruz, que fornece a cachaça pura utilizada na produção.

Contudo, conciliar dois negócios tão diferentes não é tarefa simples. Genivaldo explica que a rotina é puxada: “Durante o dia, produzimos e atendemos os clientes dos móveis. À noite e nos finais de semana, fazemos as entregas. Enquanto eu entrego, Deliceia saboriza as cachaças.”

A falta de espaço é um dos principais desafios enfrentados pelo casal. “Nosso espaço é pequeno, e investir em um local maior é complicado. Queremos construir um laboratório para as cachaças, mas isso exige muito investimento”, destaca Deliceia. O acesso a crédito também é uma dificuldade. “Se tivéssemos investidores ou acesso a crédito de forma mais justa, estaríamos crescendo muito mais”, reforça Genivaldo.

A cachaça saborizada tem sido bem recebida pelo público, embora o início tenha sido desafiador. “Muitos tinham receio, achando que era só colocar uma fruta na cachaça. Mas, ao experimentar, percebiam o sabor diferenciado”, explica Deliceia. Para divulgar o produto, o casal distribuiu amostras gratuitamente por um mês. Hoje, a demanda supera a capacidade de produção.

Nos móveis planejados, as cozinhas completas lideram as vendas. “Muitas mulheres sonham com uma cozinha linda e funcional”, relata Deliceia. Já entre as cachaças, os sabores de coco e abacaxi são os favoritos dos clientes.

Para o futuro, os planos do casal incluem ampliar o espaço de trabalho, construir um laboratório para as cachaças e um galpão para os móveis, a fim de aumentar a eficiência da produção.

Para quem deseja diversificar empreendimentos, Deliceia aconselha: “Não tenha medo e não desista na primeira dificuldade”. Genivaldo complementa: “Se desistirmos na primeira dificuldade, não conseguimos nada. Já passamos por meses difíceis, mas seguimos em frente.”

Os interessados em adquirir os produtos podem entrar em contato pelos números de WhatsApp (27) 99997-6010 e (27) 99851-7367 ou pelas redes sociais: @saborizadacachaca e @gedmoveis.

Confira a entrevista na íntegra!

Em Dia ES Entrevista: Deliceia Figueredo e Genivaldo Lopes

Como e por que vocês começaram no ramo de móveis planejados?

Deliceia: A gente começou fazendo puffs e baús para nós mesmos. Queríamos baús para guardar as coisas dos nossos filhos, e começamos fazendo puffs e baús. Começamos a atender salões de beleza, reformando cadeiras. Depois, começaram a pedir puffs, nichos, mesas de manicure, e nisso o negócio foi crescendo. Hoje trabalhamos com todos os tipos de móveis.

O que os inspirou a começar a produzir cachaça artesanal e como surgiu a ideia de equilibrar os dois negócios?

Genivaldo: Eu queria uma cachaça diferente para tomar de vez em quando, então a Deliceia começou a pesquisar, juntou algumas técnicas de como fazer vinho e licor. Nisso, ela uniu as duas e começou a fazer testes com a cachaça artesanal.

Deliceia: Comecei fazendo pequenos testes com três sabores: coco, abacaxi e beterraba. E deu certo. Os amigos que provaram gostaram, e como queríamos uma renda extra, já que a produção de móveis planejados é muito demorada e o retorno financeiro também, resolvemos investir nisso. Fomos atrás de um alambique que pudesse nos fornecer a cachaça pura. Conseguimos o alambique da Fazenda Caiana, lá em Jacupemba. Hoje, esse alambique nos fornece a cachaça pura, e nós saborizamos com frutas frescas. Não desdobramos, nem alteramos nada; apenas saborizamos. O processo que fazemos realça o sabor mais do que os métodos tradicionais.

Como foi o processo de aprendizado para produzir cachaça?

Deliceia: Pesquisa na internet. Eu juntei várias técnicas que vi, tanto de como fazer vinho artesanal quanto de como saborizar cachaça, e criei um método que não dá muito trabalho. Vi também o processo de como se faz licor. O que fazemos é algo semelhante a um licor, mas não é cozido. Nosso processo é artesanal e a frio.

Como organizam o tempo e a logística para gerenciar tanto os móveis quanto a cachaça?

Genivaldo: Durante o dia, produzimos e atendemos clientes dos móveis. À noite e nos finais de semana, fazemos entregas. Enquanto eu entrego os móveis, a Deliceia produz e saboriza as cachaças.

Pensando tanto nos móveis quanto nas cachaças, quais os maiores desafios em empreender nesses 10 anos sendo MEI?

Deliceia: A maior dificuldade é tempo e espaço para produzir móveis. O espaço que temos é muito pequeno. Além disso, é difícil conseguir investimentos para ampliar. Temos vontade de construir um laboratório para produzir as cachaças, mas isso exige muito investimento. Já tentamos empréstimos, mas é complicado conseguir.

Genivaldo: Se tivéssemos investidores ou se o acesso ao crédito fosse mais justo para nós, microempreendedores, conseguiríamos crescer muito mais. Poderíamos investir mais na produção, dedicar mais tempo à cachaça e à pesquisa.

Como tem sido a aceitação e o retorno do público em relação à cachaça?

Deliceia: Muito bom. As pessoas gostam, mas, no início, ficavam receosas. Achavam que era só colocar fruta na cachaça. Porém, ao experimentarem, percebem que é um trabalho diferente, com um sabor autêntico e original. Para conquistar o público, distribuímos amostras grátis no início. Passamos por muitos desafios para encontrar o alambique. Alguns alambiques grandes nos ignoraram, mas o alambique da Fazenda Caiana nos acolheu. Hoje, não damos conta da demanda.

Genivaldo: Passamos um mês fabricando cachaça e entregando gratuitamente para as pessoas experimentarem. Isso ajudou a expandir nosso negócio.

Quais são as maiores diferenças no trato dos negócios de móveis e cachaça?

Genivaldo: São completamente diferentes, desde os clientes até os fornecedores. Os clientes de móveis geralmente não bebem, então são públicos distintos. O processo para vender móveis é longo: envolve medir, fazer orçamento, esperar aprovação, produzir e entregar. Já na cachaça, o processo é mais rápido.

Deliceia: Na cachaça, enfrentamos dificuldades com frutas, dependendo da época. Mas, quando conseguimos as frutas frescas, o processo é simples e o produto pode ser vendido em pouco tempo. A cachaça também tem atraído muitas mulheres, porque ela não é forte. Pelo fato de ter bastante fruta, o teor alcoólico é menor. Cachaça também é coisa de mulher.

Qual o produto mais procurado nos móveis e na cachaça?

Deliceia: Nos móveis, são as cozinhas planejadas, porque toda mulher sonha em ter uma cozinha bonita. Na cachaça, os sabores de coco e abacaxi são os mais populares.

Quais os próximos passos ou sonhos para cada um dos negócios?

Genivaldo: Ter um espaço próprio ampliado. Um laboratório para a cachaça e um galpão para produzir melhor os móveis. Hoje, produzimos pouco por falta de espaço.

Que mensagem gostariam de passar para quem pensa em diversificar seus empreendimentos?

Deliceia: Não ter medo e não desistir na primeira dificuldade. Haverá muitos desafios, clientes que te levantam e outros que te desanimam. Mas é importante persistir.

Genivaldo: Se desistirmos na primeira dificuldade, não conseguimos avançar. Já passamos por muitas dificuldades, ficamos meses sem conseguir produzir, mas seguimos em frente e não desistimos.

Para quem quiser saber mais e contratar os serviços de vocês, qual é o contato?

Deliceia: Pelo WhatsApp: (27) 99997-6010 ou (27) 99851-7367. Nas redes sociais, estamos como @saborizadacachaca e @gedmoveis.