Em Dia ES Entrevista

10 de abril de 2025
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Bruno Pella avalia os primeiros 100 dias de gestão e traça planos para o futuro de Rio Bananal

Nesta quinta-feira (10), os prefeitos eleitos em 2024 completam 100 dias de mandato. Para marcar a data, o Em Dia ES inicia hoje uma série de entrevistas com gestores de cidades capixabas, tanto os que assumiram pela primeira vez quanto os reeleitos, para discutir os primeiros desafios enfrentados, os avanços alcançados e as metas estabelecidas para os próximos anos.

Para começar a série, conversamos com Bruno Pella, prefeito de Rio Bananal, cidade do Norte do Espírito Santo, que compartilha suas experiências e perspectivas após pouco mais de três meses à frente da administração municipal. “Os primeiros cem dias foram muito desafiadores, mas nossa equipe, com empenho e organização, conseguiu superar esses obstáculos”, afirmou o prefeito.

As fortes chuvas no início do ano exigiram resposta imediata da prefeitura. “Nossa equipe superou os transtornos com empenho”, disse Pella, que herdou obras paralisadas e um quadro funcional precário: apenas 46% dos servidores são efetivos. Para solucionar esse cenário, ele contratou técnicos qualificados e reestruturou secretarias. “Hoje, temos uma equipe validada pela sociedade”, afirmou.

A saúde recebeu atenção especial. Além da reforma do Hospital Municipal, que agora funciona como uma unidade mista hospitalar, Rio Bananal inaugurou salas de teleconsulta com psiquiatras e negocia a chegada de neuropediatras. Parcerias com o governo estadual permitirão a realização de exames e cirurgias em Linhares, reduzindo os custos com transporte de pacientes. Para substituir a atual unidade, a prefeitura busca uma área para construir um novo espaço com heliporto e estrutura ampliada. “O custo de um hospital completo é incompatível com nossa receita, mas podemos melhorar o que existe”, explicou Pella.

Lixo, frota e parcerias
A coleta de lixo, que operava com apenas um caminhão, foi reforçada com dois veículos recuperados e um terceiro garantido via Sedurb (Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano). Coletores verde (recicláveis) e cinza (orgânicos) serão implantados, junto a ecopontos para descarte de móveis e eletrônicos. Um paisagista foi contratado para revitalizar praças degradadas.

Na frota, máquinas e veículos foram recuperados ou destinados a leilão. “Preparamos estradas rurais para a colheita do café em tempo recorde”, afirmou o prefeito, que também recebeu duas máquinas novas por meio de emendas parlamentares.

Pella estuda criar uma política de incentivos fiscais, inspirada em cidades como Sooretama e Aracruz, para expandir o polo industrial. “Conversamos com proprietários de áreas vizinhas para parcerias público-privadas”, revelou.

Os próximos 100 dias terão foco no Planejamento Plurianual (PPA), com diagnóstico comunitário para orientar obras de longo prazo. “Não podemos pensar só em quatro anos. Estamos planejando o futuro do município”, concluiu.


Confira a entrevista completa abaixo. A entrevista na íntegra poderá ser acessada, em vídeo, através do canal do YouTube do Em Dia ES e nas redes sociais.


EM DIA ES ENTREVISTA: 100 primeiros dias de mandato

Ep1: BRUNO PELLA, RIO BANANAL

Andressa Bergamaschi, Em Dia ES: Prefeito, quais o senhor considera os avanços mais importantes que sua gestão alcançou nesses primeiros 100 dias?

Bruno Pella, prefeito de Rio Bananal: Os primeiros cem dias foram muito desafiadores. Tivemos fortes chuvas assolando o nosso município. Mais uma vez, uma enchente causou grande transtorno à cidade. Mas, com muito empenho e organização, nossa equipe conseguiu superar esse momento e agora estamos avançando com pautas estratégicas para o desenvolvimento do município. Iniciamos o mandato com muitos desafios. Um deles foi a estruturação do quadro funcional: hoje, apenas 46% dos nossos servidores são efetivos. Ou seja, mais da metade são contratados ou comissionados. Tivemos que selecionar profissionais para ocupar cargos importantes da administração. Muitas vezes, a falta de continuidade gera dificuldades até que os servidores se adaptem às funções e prestem o serviço à altura do que a população merece. Estamos agora na fase final de organização desse quadro, já muito ajustado. Uma das grandes virtudes neste início de mandato foi conseguirmos reunir pessoas qualificadas, técnicas e capazes de assumir cargos estratégicos, como secretarias, diretorias e coordenações. Hoje, temos uma equipe que tem mostrado à sociedade a que veio, e temos recebido o carinho e a validação da grande maioria pelo empenho e dedicação. A organização é fundamental para que projetos estruturantes aconteçam de fato. Neste momento, estamos cadastrando projetos importantes para pleitear recursos do PAC, do Governo Federal. Em breve, apresentaremos também um grande projeto para solucionar o problema de abastecimento de água no fundo da cidade, com apoio do Governo do Estado. Apesar do curto período, já temos grandes avanços e projetos importantes, para que Rio Bananal entre no rol dos municípios com grandes investimentos e soluções para grandes problemas.

AB: Prefeito, quais desafios se mostraram mais difíceis de enfrentar nesse início de mandato, e como sua equipe está trabalhando para superá-los?

BP: No início de mandato, nos deparamos com diversas questões que precisavam ser concluídas, herdadas da gestão anterior, o que gera muitas dificuldades. Temos obras paralisadas, outras iniciadas sem os devidos trâmites legais. Então, precisamos olhar para trás, concluir o que estava em andamento, e ao mesmo tempo planejar o futuro de forma estratégica, sempre dialogando com a comunidade sobre o que é prioritário para o desenvolvimento da cidade. Somam-se a isso os desafios citados anteriormente: os efeitos climáticos e as dificuldades relacionadas ao quadro funcional. Existe um desejo grande da população de participar da administração pública, mas, infelizmente, o setor público deixou de ser uma grande oportunidade para muitos. A economia, de modo geral, avançou e passou a ser mais atrativa para a maioria da população do que o serviço público. Não conseguimos acompanhar, em termos salariais, e hoje temos carência de profissionais em várias áreas, o que dificulta a manutenção da qualidade na prestação dos serviços.

AB: O senhor traz um ponto que nos remete ao início da sua gestão. Observamos que a população ribanense caminhou junto com o senhor, principalmente nesse início. Empresários e representantes de diversos setores se mobilizaram para ajudar a reestruturar a gestão e enfrentar os desafios iniciais.

BP: Exatamente. Estamos aqui para representar o coletivo. Somos parte da população, e é fundamental que todos se sintam parte desse processo. É uma necessidade mútua caminharmos juntos de forma colaborativa.
Como costumamos dizer, não adianta estarmos no mesmo barco se não remarmos na mesma direção. A sociedade tem entendido isso, e temos construído tudo, dentro do possível, de forma democrática, com uma comunicação clara, para que todos participem ativamente dessa construção.

AB: Prefeito, quais ações foram tomadas para reverter a situação crítica da saúde pública no município, especialmente em relação às condições do Hospital Municipal e à falta de medicamentos nas farmácias básicas?

BP: A saúde é um grande desafio. Os recursos são limitados e a demanda é enorme e crescente. E saúde é prioridade, pois cuida da vida das pessoas — o nosso bem mais precioso. Estamos atuando em duas frentes. A primeira é a reestruturação dos espaços físicos: reforma, ampliação e substituição da cobertura do hospital, que atualmente está em situação crítica; reforma da unidade de especialidades; e reforma de três PSFs: Santo Antônio, São Sebastião e São Francisco. Já conversamos com o secretário de Estado da Saúde, Tiago Hoffmann, e estamos negociando uma área mais adequada para construir uma nova unidade hospitalar — moderna, ampla e qualificada para atender as demandas da população. Na outra frente, que envolve os recursos humanos, Rio Bananal tem a vantagem de remunerar bem os profissionais da saúde — somos um dos municípios com melhor remuneração do Espírito Santo. Isso atrai bons profissionais. Você mencionou um ponto importante: a farmácia básica. Trouxemos uma farmacêutica com experiência na reestruturação desse serviço, que atuava em Governador Lindenberg. Ela está implantando um sistema mais moderno, com apoio da tecnologia, para organizar o estoque e permitir decisões mais ágeis quanto à reposição de medicamentos, evitando que faltem nas prateleiras.

AB: O senhor citou dois pontos que eu gostaria de aprofundar: a relação com o secretário estadual de Saúde, Tyago Hoffmann. Ele já está a par da situação da saúde do município?

BP: Sim, já existe um diálogo muito estreito com o secretário Tyago Hoffmann, com o governador Renato Casagrande e também com o vice-governador Ricardo Ferraço. Anunciamos grandes avanços para o sistema de saúde de Rio Bananal. Iniciamos a inauguração da sala de teleconsulta, que já realiza atendimentos com psiquiatra. Em breve, teremos também atendimento com neuropediatra — um profissional raro no mercado. E, assim, seguiremos com outras especialidades. O Governo do Estado tem se preocupado em descentralizar os serviços, aproximando-os do cidadão. Um dos maiores problemas hoje é o transporte sanitário. Transportamos diariamente entre 120 e 150 pacientes para diversos locais. Isso gera uma logística complexa e cara. Com especialistas mais próximos, o atendimento se torna mais acessível, mais rápido e com mais qualidade de vida para o cidadão. Hoje, por exemplo, os exames oftalmológicos, que antes eram realizados em Baixo Guandu, agora serão feitos em Linhares — muito mais próximo. Nos próximos 60 dias, as cirurgias oftalmológicas também serão realizadas em Linhares, além de colonoscopias e endoscopias. Aos poucos, os serviços vão se aproximando da nossa cidade, facilitando o acesso da população e melhorando sua qualidade de vida.

AB: E essas melhorias na saúde, para, de repente, minimizar um pouco a demanda de transporte de pacientes diariamente para outros municípios, o senhor disse que há um projeto para a construção de um novo hospital em Rio Bananal. Isso já ajudaria a minimizar essa situação?

BP: Nosso chamado hospital já perdeu essa nomenclatura há algum tempo. Hoje, a gente continua chamando de hospital por força de expressão, mas trata-se de uma unidade mista hospitalar, devido ao seu porte. O custo de um hospital estruturado não é compatível com a receita do município de Rio Bananal — essa é uma questão. Mas temos outro ponto: estamos muito próximos de Linhares, que é nossa referência em saúde. Para nós, isso é muito bom, porque está perto, é fácil de chegar, o tempo de resposta é curto. Então, a ideia é essa: termos uma nova unidade mista hospitalar, mantendo o porte atual, mas em um ambiente qualificado, com a estrutura necessária, heliporto, caso haja necessidade de transporte aéreo, e com profissionais qualificados, para que a população tenha acesso a um serviço de boa qualidade.

AB: Então seria uma reestruturação na unidade que já existe? Já há previsão de início?

BP: Ainda não iniciamos o projeto da obra porque precisamos, primeiro, da disponibilidade da área. A partir das características do terreno, vamos definir o layout mais funcional. Estamos avançando com a aquisição da área para que a administração municipal tenha um local adequado para a construção. A partir daí, daremos o start com a Secretaria de Obras, para que elabore um projeto que atenda às necessidades do município. Vamos estudar o que será mais adequado para o local: se ampliaremos a unidade de especialidades, se levaremos a parte de fisioterapia, entre outros setores hoje descentralizados, sempre buscando a melhor prestação de serviço.

AB: Quais medidas foram implementadas para melhorar a coleta de lixo e a manutenção das áreas públicas, considerando que, no início da sua gestão, havia apenas um caminhão coletor em funcionamento e as praças estavam degradadas?

BP: É verdade. O lixo é um grande desafio e uma das minhas prioridades. Tenho o desejo de ver a cidade limpa, bonita e organizada. Estamos caminhando nesse sentido. Recuperamos os caminhões que estavam depreciados. Hoje, temos dois coletores em funcionamento e, com o apoio da Sedurb (Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano), já está garantido um terceiro caminhão. Isso amplia nossa capacidade de coleta. Contratamos um paisagista, que está cuidando da pauta das praças, da organização urbana, acessibilidade e paisagismo. Ele está finalizando o projeto para iniciarmos a compra de plantas ornamentais e nativas. Também estamos na fase final da aquisição de novos coletores. Passaremos a utilizar coletores em duas cores: verde para recicláveis e cinza para não recicláveis (como material orgânico). Isso otimiza o trabalho do sistema de triagem e amplia o percentual de lixo reciclado. Estamos estudando a instalação de ecopontos estratégicos para descarte de itens maiores, como sofás e eletrodomésticos. Tudo está sendo planejado e executado junto ao setor de licitações, para que possamos colher os frutos já no início do segundo semestre. A hora de agir é agora.

AB: Prefeito, como está o andamento da recuperação da frota de veículos municipais, especialmente após relatos de que grande parte estava inoperante?

BP: As máquinas pesadas também foram um grande desafio. Atuamos fortemente na manutenção dos equipamentos disponíveis. Recuperamos a frota de máquinas e veículos, quando era economicamente viável. Os que não compensavam o conserto estão sendo preparados para leilão. Assim, conseguimos recursos para manter os equipamentos que realmente valem a pena. Hoje, nossa frota está operante. Conseguimos preparar estradas rurais em tempo recorde após as chuvas. Já cuidamos das vias antes do início do calendário escolar e, agora, estamos preparando as estradas para a colheita do café. Além disso, temos estreitado o relacionamento com os governos estadual e federal. Duas máquinas novas já chegaram, fruto de emendas parlamentares. E estamos estruturando novas demandas para continuar renovando a frota.

AB: Falando dessas parcerias, os diálogos com os governos estão fluindo bem?

BP: Estão fluindo muito bem. O governo do estado tem sido muito aberto às demandas de Rio Bananal — e dos 78 municípios do Espírito Santo. Hoje, somos um instrumento de defesa das necessidades locais, em conjunto com o governo. O governador tem sido atencioso e solidário, e temos confiança de que o Espírito Santo será um grande financiador de obras estruturantes para Rio Bananal.

AB: Outro ponto que abordamos no início do ano foi a questão hídrica e uma possível política de incentivos fiscais. Há novidades?

BP: Sobre os incentivos fiscais, estamos estudando legislações de municípios como Sooretama e Aracruz para implantar uma política local. Já conversamos com o proprietário de uma área anexa ao polo industrial — a área atual é limitada para o crescimento que queremos. Ele se mostrou favorável a uma parceria público-privada, como ocorreu em Sooretama, onde o privado construiu galpões e negociou diretamente com os empreendedores. Estamos trabalhando em duas frentes: aquisição da área e parcerias com o setor privado. A questão hídrica é hoje a prioridade número um da nossa gestão. Um município que abriga a segunda maior lagoa do Brasil não pode conviver com a falta d’água. É uma questão de dignidade e também de proteção à nossa economia, baseada na cafeicultura, na pimenta-do-reino e no cacau. A captação de água da Lagoa do Paraná é essencial. Esse é o nosso principal projeto junto ao governador Renato Casagrande. Vamos pleitear recursos junto ao Fundo Cidades, cujo edital está aberto até 19 de abril. Se Deus quiser, o projeto estará pronto até o fim do mês.

AB: Que lições a administração aprendeu neste início de mandato e que ajustes estão sendo feitos para aprimorar a gestão?

BP: Uma das lições mais importantes é que não se pode deixar nada para depois. Os processos públicos são morosos — licitações, planejamento, execução de obras — e exigem antecipação. Não se pode procrastinar. O que precisa ser feito, tem que ser feito agora. Estamos planejando o município para o futuro, não apenas para os quatro anos de mandato. Os ajustes envolvem capacitar os servidores, fazê-los entender suas funções e criar sintonia entre todas as áreas da administração. Trabalhamos de forma democrática. Nosso gabinete está sempre aberto, dialogamos com a sociedade, com as comunidades. Uma boa ideia só se torna realmente boa quando é validada pela população. Estamos aqui para representar os interesses de todos, com muito trabalho e dedicação.

AB: Quais são as metas para os próximos 100 dias?

BP: Já avançamos muito com o planejamento estratégico de obras, estruturação de quadros, recuperação de enchentes e frota. Agora, entramos em uma nova fase, voltada para o PPA — Planejamento Plurianual. Estamos nos aproximando ainda mais das comunidades, levantando demandas e integrando isso ao nosso planejamento de longo prazo. Paralelamente, seguimos qualificando o quadro funcional, para garantir uma resposta eficiente às novas demandas. Nossa população merece. Vamos continuar avançando.

Graduando em Estudos de Mídia pela UFF. Editor, Colunista e Social Media no Em Dia ES

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