Os cafeicultores do Espírito Santo contam com o apoio técnico do Governo do Estado para iniciar e acelerar o processo de adequação socioeconômica e ambiental de suas propriedades.
Os serviços são prestados por meio do projeto Cafeicultura Sustentável, que mobiliza 120 técnicos do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e já cadastrou 1.600 produtores em menos de um ano de atividades.
Com a iniciativa, os profissionais do Incaper avaliam as propriedades de café arábica e conilon com base em 39 indicadores de sustentabilidade estabelecidos para a cafeicultura capixaba, que estão alinhados a protocolos internacionais. A partir desse diagnóstico, elaboram um planejamento com as medidas necessárias para a elevação dos níveis de adequação e acompanham a implementação dessas melhorias. Mais de 1.400 planos de adequação já foram elaborados.
No eixo econômico, alguns dos indicadores avaliados são análises foliar e de solo anuais, manejo integrado de pragas e doenças, manejo racional de irrigação, conservação do solo e rastreabilidade da produção.
No eixo ambiental, são considerados quesitos como proteção de nascentes, regularização de áreas de preservação permanente, área de cafezal livre de desmatamento (EUDR), licenciamento para atividades agrícolas, uso de equipamentos de proteção individual e gestão dos resíduos da produção. No eixo social, estão acesso das famílias a serviços de educação e saúde, condições dignas de trabalho e remuneração, processo de sucessão familiar, entre outros.
O projeto também busca ampliar a produtividade do parque cafeeiro e aumentar a produção de cafés especiais no Estado. Por isso, os produtores são orientados a adotarem cultivares com alto potencial produtivo, boas práticas de colheita e pós-colheita e nutrição balanceada e equilibrada nas lavouras.
Cafeicultura regenerativa
Outra missão do Cafeicultura Sustentável é difundir práticas de cafeicultura regenerativa, com foco na recuperação da saúde do solo, na ampliação da biodiversidade e na resiliência da lavoura frente às mudanças climáticas. Para incentivar essa abordagem, serão implantadas unidades de referência em cafeicultura regenerativa, que servirão como modelo para demonstrar técnicas como adubação verde, manejo e conservação do solo e uso eficiente de insumos biológicos.
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Atividades coletivas
A difusão das práticas sustentáveis na cafeicultura, por meio do projeto, é amplificada com métodos coletivos de assistência técnica e extensão rural (Ater). Mais de 160 atividades já foram realizadas, incluindo cursos, dias de campo, dias especiais, apoio a concursos de café e excursões técnicas.
Parte dessas atividades coletivas ocorrem em unidades de referência em sustentabilidade e em unidades demonstrativas de irrigação implantadas pelo projeto, em propriedades parceiras, como forma de ampliar o acesso de produtores às tecnologias. Ao longo deste ano, mais unidades serão implantadas para demonstração de técnicas, como terraceamento e pós-colheita.
Entrega de biodigestores
Outra iniciativa do Cafeicultura Sustentável é a entrega de biodigestores a produtores. Os equipamentos, adquiridos com recurso do projeto e doados pela Plataforma Global do Café, têm como objetivo melhorar o saneamento nas propriedades, permitindo o tratamento de esgoto doméstico e da água residuária gerada durante o processamento do café. Até o momento, 20 biodigestores já foram instalados.
Monitoramento dos resultados
O Cafeicultura Sustentável integra o Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cafeicultura do Espírito Santo, liderado pela Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag). É composto por cinco projetos contratados no âmbito do Programa de Incentivo à Pesquisa, à Extensão, ao Desenvolvimento e à Inovação Agropecuária (Inovagro), uma parceria entre a Seag e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).
Com investimento de R$ 4,9 milhões do Governo do Estado, os projetos contemplam as regiões do Caparaó e das Montanhas, que são produtoras de café arábica, e as regiões Norte, Central e Sul, produtoras de conilon. A meta é inserir 8 mil propriedades no processo de adequação da sustentabilidade até 2027. Produtores participantes receberão certificados de acordo com o nível de adequação atingido.
Os resultados iniciais do Cafeicultura Sustentável foram apresentados recentemente em uma reunião entre a Seag e o Incaper para monitoramento dos avanços.
“Estamos acompanhando com entusiasmo a evolução dos projetos, que estão impulsionando a sustentabilidade da cafeicultura capixaba. Esses avanços posicionam o Espírito Santo como referência mundial no setor”, destacou o subsecretário de Estado de Desenvolvimento Rural, Michel Tesch.
O coordenador de Cafeicultura do Incaper, Fabiano Tristão, reforça a importância da iniciativa e os impactos positivos que ela está gerando para o setor.
“A cafeicultura capixaba está vivendo um momento de transformação, em que produtividade, qualidade, sustentabilidade e rastreabilidade devem caminhar juntas. O trabalho do Incaper, em parceria com os produtores, incentiva e viabiliza a adoção de práticas que preservam o meio ambiente, melhoram a eficiência produtiva, aumentam a qualidade de vida das famílias rurais e agregam valor ao nosso café. Estamos construindo um modelo de produção que garantirá a competitividade do setor a longo prazo”, avaliou Tristão.