agricultura

Cafeicultura capixaba contribui para possível supersafra nacional

20 fev 2020 - 09:00

Redação Em Dia ES

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A produção capixaba vai contribuir para que o País colha uma possível safra recorde de café. Segundo o levantamento nacional, o Brasil deve produzir entre 57,15 milhões e 62,02 milhões de sacas de café em 2020
O Espírito Santo deve colher entre 13 milhões e 15,4 milhões de sacas de cafés arábica e conilon em 2020. Os dados da primeira estimativa de safra no Estado foram levantados pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e entregues à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A produção capixaba vai contribuir para que o País colha uma possível safra recorde de café. Segundo o levantamento nacional, o Brasil deve produzir entre 57,15 milhões e 62,02 milhões de sacas de café em 2020.

De acordo com a estimativa, a área plantada também deve registrar uma pequena expansão. Dos 2,13 milhões de hectares de cafés plantados no Brasil em 2019, mais de 425 mil hectares são em solo capixaba. Para 2020, a previsão é de que a área cultivada no Espírito Santo aumente 2,8%, chegando a 437 mil hectares tanto em formação quanto em produção. A variação estimada para o Estado é o dobro da média nacional. Espera-se que as terras destinadas à cafeicultura no Brasil atinjam 2,16 milhões de hectares em 2020, um aumento de 1,4%.

O pesquisador do Incaper e coordenador técnico de cafeicultura, Abraão Carlos Verdin Filho, destaca que a adoção de tecnologias desenvolvidas e recomendadas pelo Incaper é fundamental para o bom desempenho da cafeicultura capixaba nos cenários nacional e internacional.

“Um ponto que chama atenção nesta primeira estimativa de safra de 2020 é a modernização do parque cafeeiro do Estado por meio da renovação das lavouras tanto de arábica quanto de conilon. As velhas plantações, menos produtivas, estão sendo substituídas, dando lugar às mais novas. O cafeicultor capixaba está plantando as variedades lançadas pelo Incaper e aplicando as tecnologias desenvolvidas e recomendadas pelo Instituto. Isso contribui substancialmente para a melhorar as expectativas com relação à produtividade, à redução de custos e à qualidade”, disse o pesquisador do Incaper.

Verdin lembra também que essa ainda é a primeira estimativa de safra. “Até a colheita, muitas outras variáveis podem interferir na produção. Pela experiência que o Incaper tem neste tipo de levantamento, há uma grande chance de que a previsão de safra se confirme. Mas ainda é muito cedo para qualquer alarde. A margem de erro tende a ser menor lá pelos meses de maio e abril”, ponderou.

Arábica
A possível supersafra de café no País deve-se, principalmente, à estimativa de aumento na produção de café arábica, cujo maior produtor é o Estado de Minas Gerais. O Brasil espera colher entre 43,2 milhões e 45,93 milhões de sacas de arábica, representando aumento entre 26% e 34,1%, respectivamente, em comparação ao volume produzido em 2019.

No Espírito Santo, a produção de café arábica em 2020 pode superar o recorde histórico. A expectativa é de que sejam colhidas entre 4 milhões e 4,8 milhões de sacas de arábica no Estado, o que representa 58,7% a mais do que o colhido em 2019. Até então, o recorde histórico havia sido registrado em 2018, quando o Espírito Santo colheu cerca de 4,7 milhões de sacas de café arábica.

“Uma das características do arábica é o ciclo bienal. O ano de 2019 foi de bienalidade negativa, ou seja, a safra de arábica foi baixa. Então já é normal esperar uma safra maior no ano seguinte. O ano passado foi bom de chuva. As lavouras estavam bem nutridas, descansadas, a precipitação e as temperaturas na região produtora estavam adequadas. Isso favorece o aumento da produção. Além disso, os cafeicultores adotaram as tecnologias desenvolvidas e recomendadas pelo Incaper, como a poda programada de ciclo, o que contribui bastante para a expectativa de aumento da produção”, explicou Verdin.

Quanto à área plantada, dos 1,75 milhões de hectares previstos para o cultivo de arábica no Brasil, 171,8 mil estão em território capixaba.
Conilon
No caso do conilon, a produção nacional estimada para 2020 varia entre 13,95 milhões e 16,04 milhões de sacas. Isso representa redução de 7,1% e crescimento de 6,8%, respectivamente, em comparação ao volume produzido em 2019.

No Espírito Santo, que na última safra concentrou quase 70% da produção nacional de conilon, espera-se colher entre 9 milhões de 10,7 milhões de sacas. A estimativa pode ser 14,2% menor ou 1,7% maior que a safra de 2019, quando a produção capixaba foi considerada recorde: 10,5 milhões de sacas de café conilon.

Em outras palavras, a previsão de colheita do café conilon no Espírito Santo em 2020 não deve fugir muito do registrado na safra anterior: sem queda acentuada e tampouco supersafra. “A possibilidade de redução na safra de conilon capixaba está relacionada a fatores climáticos. As chuvas deste ano na região produtora de conilon não foram tão intensas. Além disso, houve registro de vento sul em municípios que são grandes produtores, derrubando muitas flores e folhas”, explicou o pesquisador do Incaper.

Verdin ressalta que a produção de conilon no Espírito Santo enfrenta situações adversas há alguns anos consecutivos e mantem-se em patamares razoáveis graças às tecnologias desenvolvidas ou recomendadas pelo Incaper, principalmente no que se refere a variedades mais adaptadas à necessidade do agricultor.

“Em 2013 tivemos fortes chuvas e enchentes. Depois foram três anos seguidos de seca extrema. Entre 2017 e 2018, a cafeicultura de conilon capixaba estava em recuperação. Aí tivemos outro impacto negativo, com as altas temperaturas e a falta de chuva nas regiões produtoras, especialmente no mês de janeiro, crucial para o enchimento dos grãos. O produtor já estava descapitalizado e reduziu os cuidados com as lavouras, principalmente no que se refere à adubação. Em 2019, a lavoura estava descansada e os poucos tratos culturais associados às tecnologias disponibilizadas pelo Incaper foram suficientes para uma safra recorde. Lançamos a variedade Marilândia em 2017, que é tolerante à seca, e a Conquista em 2019, que é uma variedade seminal. Estas foram algumas das respostas que o Incaper disponibilizou aos produtores e estão contribuindo para o enfrentamento das adversidades como o calor, o vento e o ataque de broca e cochonilha. Isso tudo interfere na estimativa de safra de 2020”, detalhou Verdin.

Espera-se ainda em 2020 um aumento de 1,4% na área destinada ao cultivo de café conilon no Espírito Santo em relação ao ano anterior. Dos mais de 404 mil hectares de café conilon cultivados no Brasil, mais da metade, 265 mil hectares estão em território capixaba.
Qualidade reconhecida
O Espírito Santo é o segundo maior produtor de café do Brasil, perdendo apenas para Minas Gerais, bem maior territorialmente. Além de ser forte na produção, a cafeicultura capixaba também é referência na qualidade. E a obtenção de cafés de qualidade superior passa pelas orientações do Incaper.

O conilon capixaba sagrou-se campeão, pelo segundo ano consecutivo, numa competição internacional de qualidade, a Coffee of the Year (COY), realizada anualmente durante a Semana Internacional do Café (SIC). O agricultor Luiz Claudio de Souza, cafeicultor do município de Muqui, recebeu a premiação representando a esposa, Neuza de Souza, que conquistou o primeiro lugar na categoria Canephora (conilon).

O Espírito Santo também conquistou o segundo lugar na categoria arábica com o produtor Leidiomar Meneguetti, do Sítio Rancho Dantas, de Brejetuba. Além deles, o Estado ficou com o terceiro lugar na categoria Canephora. Todas as quatro amostras capixabas de arábica classificadas entre as 25 finalistas ficaram entre os dez primeiros colocados, reforçando a qualidade do café produzido em solo capixaba.

Durante a SIC, o Espírito Santo conquistou várias outras colocações de destaque. Cafeicultores capixabas venceram os três primeiros lugares na categoria conilon do 5º Torneio de Café Fair Trade do Brasil, uma certificação internacional de qualidade. Luiz Claudio de Souza, produtor de café conilon em Muqui, foi o primeiro colocado. Aliciana de Castro Mauri, de Jerônimo Monteiro e Daiana Souza Carrari, de Muqui, ambas do “Pó de Mulheres”, ficaram na segunda e terceira colocações, respectivamente.

Outra premiação recebida pelo Estado foi para o agricultor Silvanius Kutz, produtor de arábica em Itarana. Ele foi o primeiro colocado na categoria café descascado do concurso “Nosso Café”, promovido pela empresa Yara.

O sabor da cafeicultura capixaba foi o único que encheu os paladares dos consumidores do Nescafé Gold, lançado pela Nestlé durante a SIC. A Torra de Autor foi uma edição limitada, na qual um único grão ganhava a personalidade de seis diferentes mestres de torra. O café escolhido para o lançamento do projeto foi o arábica cultivado pelo agricultor Luciano Pimenta, de Afonso Cláudio, fechando com chave de ouro a participação do Espírito Santo na SIC 2019.
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Atualizado: 20/02/2020 09:00

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