Estudo aponta que Presidente minimizou impacto da doença e apoiadores ignoraram medidas restritivas
Um estudo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) identificou o que chamou de “efeito Bolsonaro” na disseminação do novo coronavírus pelas cidades do Brasil. Segundo a pesquisa divulgada nessa 2ª feira (12.out.2020) pela Folha de S. Paulo, “a covid-19 causa mais estragos nos municípios mais favoráveis ao presidente Bolsonaro”.
O levantamento cruzou dados de expansão da doença com o resultado na votação em 1º turno nas eleições presidenciais de 2018 nos 5.570 municípios brasileiros. Os resultados mostram que, para cada 10 pontos percentuais a mais de votos para Bolsonaro, existe aumento de 11% no número de casos de contaminação pelo novo coronavírus e de 12% no número de mortos pela doença.
“Podemos pensar que o discurso ambíguo do presidente induz seus partidários a adotarem com mais frequência comportamentos de risco [menos respeito às instruções de confinamento e uso da máscara] e a sofrer as consequências”, diz trecho do estudo.
De acordo com os pesquisadores, esse foi o efeito que mais chamou a atenção, pois, em princípio, não haveria razão para explicar o motivo de cidades que votaram mais em Bolsonaro terem proporcionalmente mais mortes do que nos outros locais estudados.
“A argumentação que usamos no nosso artigo é que provavelmente trata-se de 1 efeito da própria postura do presidente, que minimizou o uso de máscara e a doença, chamando-a de gripezinha”, afirma o professor João Luiz Maurity Sabóia, pesquisador envolvido no estudo.
O resultado vai ao encontro com outro estudo, feito por UFABC (Universidade Federal do ABC), FGV (Fundação Getúlio Vargas) e USP (Universidade de São Paulo). Esse levantamento concluiu que a taxa de isolamento social diminuiu no Brasil em praticamente todas as vezes que Bolsonaro minimizou a pandemia.