A defesa do ex-pastor Georgeval Alves abandonou o plenário do júri e o julgamento do ex-pastor que iria começar nesta segunda-feira (3) em Linhares foi adiado. Liderada pelo advogado Pedro Ramos, a defesa alegou falta de segurança e ameaças de morte para deixar o tribunal do júri.
“Pleiteamos nesse juízo e junto ao Tribunal de Justiça o desaforamento (mudança de comarca) desse júri, o que foi negado. Aguardamos manifestação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manifestação nesse sentido, pois não há segurança para os defensores, familiares e para o próprio réu o julgamento nessas circunstâncias”, alegou a defesa.
Os advogados ainda alegaram falta de isonomia de membros do conselho de sentença, uma vez, que segundo ele, há jurados que têm relação de amizade com testemunhas do processo.
“Respeitamos o direito das famílias em querer justiça, mas precisamos ter condições para exercer a defesa em sua plenitude, o que não é possível nessas circunstâncias”, argumentou um dos defensores.
Georgeval chegou ao Fórum Desembargador Mendes Wanderley, no bairro Três Barras, em Linhares, por volta das 9h da manhã sob um forte esquema de segurança.
Entenda o caso
O crime aconteceu durante a madrugada do dia 21 de abril de 2018, na residência onde as crianças moravam com a mãe Juliana Salles e o pastor Georgeval Alves Gonçalves, pai de Joaquim e padrasto de Kauã, Norte do Espírito Santo. As crianças morreram após terem sido abusadas sexualmente e queimadas vivas. Elas estavam em casa, com o pastor. A mãe estava em Minas Gerais, com o filho mais novo do casal.
No dia do crime, Georgeval estava sozinho com os meninos, pois Juliana havia viajado para um evento religioso em Minas Gerais com o filho bebê do casal. Os dois eram considerados informalmente como pastores na igreja que atuavam em Linhares.
Entre perícias e depoimentos, a polícia reuniu materialidade para solicitar a prisão do pastor Georgeval, sete dias depois da morte de Kauã e Joaquim. O caso foi encerado na esfera policial em 23 de maio de 2018 com o indiciamento por duplo homicídio, duplo estupro, fraude processual e tortura.
Nas mãos do Ministério Público, os levantamentos da investigação levaram ao pedido de prisão da mãe das vítimas, Juliana Salles, acusada de duplo homicídio, duplo estupro e fraude processual na forma omissa, pois a investigação apontou que ela sabia que o marido representava risco para os filhos e, mesmo assim, permitiu que ele ficasse com próximo a eles.
Juliana foi presa em 20 de junho, em Minas Gerais, e solta em 7 de novembro do mesmo ano, por meio de um alvará de soltura expedido pela Justiça.
Os dois são acusados da morte dos irmãos, sendo que Juliana responde ao processo em liberdade sob acusação de omissão.