Com 150 casos confirmados, um homem está há dois meses aguardando o medicamento Tecovirimat para tratamento de Monkeypox no Espírito Santo. Casos semelhantes da falta do medicamento estão acontecendo em mais seis estados brasileiros.
O paciente está internado e aguardando medicação desde o dia 17 de outubro. Segundo a Gerência de Assistência Farmacêutica (GEAF) do Espírito Santo, ele é o único no Estado. Em nota, a Secretaria de Saúde (Sesa) informou que o pedido foi encaminhado ao Ministério da Saúde na data, mas ainda não há previsão para envio.
O antiviral Tecovirimat é indicado para pacientes com risco de desenvolvimento de formas graves da doença, principalmente nos que apresentam algum tipo de imunodepressão, (HIV, transplante ou quimioterapia recente).
No fim de agosto deste ano, o Ministério afirmou ter recebido apenas 12 tratamentos completos do fabricante. “Além desses 12 tratamentos recebidos, a pasta segue em tratativas com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para aquisição de novos tratamentos e vacinas contra a doença. Além disso, medidas de aquisição de medicamentos diretamente com o fabricante também estão ocorrendo”, informou, em nota.
Ainda conforme as pasta, os critérios de distribuição tecovirimat ficariam a cargo do Centro de Operação de Emergências para Monkeypox do Ministério. Porém, nem as equipes médicas entendem com clareza os parâmetros necessários para solicitar o tratamento.
Outros estados
Nesta quinta-feira (15) um jovem de Santa Catarina morreu após aguardar por 50 dias a chegada do medicamento. O caso foi noticiado pelo Estadão, junto a mais outros similares em outros estados. O tecovirimat de Benício Toureiro chegou em 19 de novembro, após o Hospital Nereu Ramos ter negociado diretamente com o laboratório produtor.
“Se a gente tivesse esperado o Ministério da Saúde, talvez não teríamos conseguido nem esse tratamento”, disse ao Estadão Eduardo Macário, superintendente da Vigilância em Saúde de Santa Catarina
No Mato Grosso, um paciente, de 27 anos, foi internado no Hospital Universitário Júlio Muller no dia 21 de setembro. O quadro evoluiu com insuficiência renal, falta de ar, taquicardia, dentre outros sintomas. Somente em 4 de outubro, a equipe médica solicitou o tecovirimat ao Ministério da Saúde.
Porém, o remédio não chegou, segundo a Secretaria da Saúde de Mato Grosso. “O paciente não fez uso da medicação em razão de ela não estar disponível no Ministério da Saúde. A solicitação ficou na lista de prioridade do governo federal”, informou a pasta.
Em Minas Gerais, das três vítimas da Monkeypox, apenas duas tiveram acesso ao medicamento, apesar de todas apresentarem sintomas elegíveis para o tratamento, segundo o protocolo desenvolvido pelo próprio Ministério. No Rio de Janeiro, o medicamento foi disponibilizado apenas para dois dos cinco pacientes que morreram por complicações da doença.
Já em São Paulo, apenas um dos três pacientes que morreram se tratou com o tecovirimat. Vale ressaltar que no estado, que concentra a maior parte dos casos no Brasil, com mais de 4,2 mil infecções, apenas um dos três pacientes que morreram se tratou com o tecovirimat. A Secretaria de Saúde não informou, entretanto, se o remédio foi solicitado para as outras duas.
O Rio Grande do Norte teve acesso ao remédio para dois pacientes. Um deles foi solicitado em 15 de outubro e esperou 35 dias. No segundo caso, foi pedido em 3 de dezembro e chegou só três dias depois.