À medida em que o surto de varíola do macaco – monkeypox – avança no mundo, estão sendo confirmados os primeiros diagnósticos na população infantil. O Espírito Santo confirmou três casos em crianças de 0 a 9 anos. No total, o estado já tem um total de 41 diagnósticos positivos. O surto preocupa cada vez mais a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Agora, o órgão observa qual o potencial de propagação entre essa faixa etária.
Nesse momento, as crianças são o grupo mais vulnerável à varíola dos macacos e ainda não se sabe quais serão os efeitos da doença entre elas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de letalidade pode chegar a 11% na população em geral e tem sido maior entre crianças pequenas. Deficiências imunológicas prévias também podem levar a quadros mais graves da doença.
Para o gerente da Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, a preocupação se dá pelo aumento observado nos últimos boletins de confirmação da doença em crianças e adolescentes. Por a doença ter um período período de incubação do vírus que se dá por volta de 7 a 21 dias, elevando a possibilidade de transmissão e atingir grupos de risco, como imunossuprimidos e crianças.
“Nossa preocupação é a monkeypox se ampliar. Nós precisamos fazer intervenções. E a doença já chegou ao Brasil com essa questão do estigma e percebemos isso com os casos já notificados e confirmados por meio dos relatos que foram feitos. Muitas pessoas não procuram o serviço de saúde por ter receio de comentar que tem uma lesão e ser associada a outras situações. Isso pode aumentar a subnotificação e fazer a doença atingir esses grupos preocupantes, como as crianças e imunossuprimidos”, comentar Orlei Cardoso.
As crianças podem contrair a varíola dos macacos se tiverem contato próximo com alguém que tenha sintomas, como um familiar infectado. Dados de países anteriormente afetados mostram que as crianças são tipicamente mais propensas a doenças graves do que adolescentes e adultos. Essa informação está baseada em séries históricas e em estudos feitos desde os anos 1970 principalmente nas regiões do continente africano onde o monkeypox é endêmico — mas ainda não há certeza que essa mesma gravidade vai se repetir no surto atual, em que o vírus se espalhou por diversos continentes.
O surto global de varíola dos macacos começou na metade de maio. Tem pouco mais de três meses. Até o momento, no Brasil apenas uma morte foi confirmada em Belo Horizonte. O gerente da Vigilância em Saúde comenta que a taxa de letalidade é bem menor, no entanto, existe. E a subnotificação preocupa, afinal, uma lesão não tratada abre caminho para outras doenças, o que pode agravar o quadro de saúde do paciente. A orientação é em caso de qualquer sintoma procurar uma unidade de saúde.
Lembrando que os sinais e sintomas duram de 2 a 4 semanas. Na pele, surgem lesões de consistência mais dura, visíveis e elevadas; a febre tem início súbito e há presença de inchaço dos gânglios, popularmente identificado como ínguas, sendo essa uma característica clínica importante para distinguir a Monkeypox de outras doenças.