Além de sofrer cortes no repasse feito pelo governo federal para custeio das atividades de ensino, a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) enfrenta outro problema: a redução no valor do investimento na universidade, que chegou a 95,36% em cinco anos. Entre 2018 e 2021, a redução já tinha sido de 67,41%.
Segundo dados registrados no Painel Informativo da Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Institucional (Proplan), as perdas registradas no orçamento da Ufes foram de 22,5% entre 2018 e 2022. Entre 2018 e 2021 foi um pouco menor: 7,63%.
Diante deste cenário, a Administração Central da Ufes informou que, para se adequar à realidade do orçamento, que tem sofrido redução contínua, tem sido obrigada a promover ajustes e cortes, principalmente em contratos de limpeza, vigilância, manutenção predial e energia (este item tem sido favorecido pela instalação das placas solares nos campi, que resulta na redução da conta de energia elétrica).
Segundo a Ufes, a reitoria tem adotado uma política de preservar os investimentos em assistência estudantil, em bolsas destinadas aos estudantes, acessibilidade e nos recursos destinados ao funcionamento dos restaurantes, assegurando que as medidas restritivas não afetem a permanência dos estudantes na Universidade.
A Ufes detalhou que, no ano de 2022, a Ufes, e todas as universidades, sofreram cortes e bloqueios. Num primeiro momento, em 27 de maio, o Governo Federal anunciou o bloqueio de 14,5% dos recursos orçamentários deste ano, abrangendo todas as Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) e afetando o orçamento discricionário do Ministério da Educação (MEC) e das unidades vinculadas, incluindo a Ufes.
No dia 3 de junho, após ações da Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e das universidades em interlocuções com parlamentares nos estados, no Congresso e nos ministérios, o MEC anunciou uma redução do bloqueio para 7,2%. Contudo, no dia 9 de junho, o MEC informou que a metade dos 7,2% bloqueados, equivalente a 3,2% do orçamento discricionário, seria remanejada para outros órgãos para pagamento de despesas obrigatórias, o que representa uma perda de mais de R$ 220 milhões no orçamento das Instituições Federais de Ensino Superior. Na Ufes, a esse título, desapareceram do orçamento mais de R$ 4 milhões. Além disso, estão bloqueados outros R$ 4,4 milhões.
Até o momento, mesmo diante do achatamento do orçamento, a Ufes vem conseguindo garantir suas atividades e cumprir sua missão nas áreas de ensino, pesquisa e extensão por adotar um planejamento criterioso, com a definição clara de prioridades. Entretanto, a consequência imediata dos cortes mais recentes é a desestruturação do planejamento de aplicação de recursos já realizado e em curso. Com isso, a única solução vislumbrada para fechar o ano sem déficit é a reposição dos recursos.