A população brasileira está cada vez mais velha. Dados divulgados nesta sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2021, o Brasil passou a ter mais de 10% de sua população formada por idosos com 65 anos ou mais de idade.
De acordo com o levantamento, no ano passado a população brasileira foi estimada em 212,5 milhões de pessoas. Destas, 21,6 milhões tinham 65 anos ou mais de idade, o que representa 10,2%.
Em 2012, ano em que teve início a série histórica da pesquisa, a população brasileira era estimada em 197,7 milhões de pessoas, das quais 15,2 milhões tinham 65 anos ou mais de idade, o que representava 7,7% do total de habitantes.
Ou seja, em dez anos, enquanto a população brasileira registrou crescimento de 7,7%, o número de idosos de 65 anos ou mais teve um salto quase seis vezes maior, de 41,6%.
A maior parcela da população (88,1 milhões) tinha entre 30 e 59 anos no ano passado. Os adolescentes entre 14 e 17 anos, por sua vez, representavam a menor parcela (12,3 milhões).
O contingente de crianças entre 0 e 13 anos (41 milhões) somava cerca de um milhão a mais que o número de pessoas no grupo de 18 a 19 anos (40,1 milhões).
O IBGE destacou que pessoas de 30 anos ou mais passaram a representar 56,1% da população total em 2021. Esse percentual era de 50,1% em 2012. No mesmo período, a parcela de pessoas com 60 anos ou mais saltou de 11,3% para 14,7% da população – um aumento de quase 40%.
Em contrapartida, o grupo de pessoas com menos de 30 anos de idade teve queda de 5,4% no mesmo período. A maior redução foi observada no grupo que reúne adolescentes de 14 a 17 anos, que encolheu 12,7% na década.
“Os dados mostram a queda de participação da população abaixo de 30 anos e, também, dessa população em termos absolutos. Essa queda é um reflexo da acentuada diminuição da fecundidade que vem ocorrendo no país nas últimas décadas e que já foi mostrada em outras pesquisas do IBGE”, apontou o analista da pesquisa, Gustavo Geaquinto.
Com o envelhecimento da população, vem caindo a razão de dependência etária dos jovens e aumentando a dos idosos. Tal indicador aponta o peso do segmento etário considerado economicamente dependente sobre o grupo potencialmente ativo.
Entre 2012 e 2021, o indicador para crianças e adolescentes caiu de 34,4 em 2012 para 29,9 em 2021, enquanto o dos idosos aumentou de 11,2 para 14,7 no mesmo período.
“Esse indicador revela a carga econômica desses grupos sobre a população com maior potencial de exercer atividades laborais. Sabemos que há idosos ativos no mercado de trabalho, além de pessoas em idade de trabalhar que estão fora da força. Mas o indicador é importante para sinalizar a potencial necessidade de redirecionamento de políticas públicas, inclusive relativas à previdência social e saúde”, ponderou o pesquisador Geaquinto.
Cada vez mais, aumenta nº de autodeclarados pretos
Além da manutenção da tendência de envelhecimento da população, o levantamento do IBGE mostrou que também foi mantido o aumento do número de pessoas que se declaram pretas e pardas no país.
Entre 2012 e 2021, a proporção de pessoas autodeclaradas pretas passou de 7,4% para 9,1%, enquanto a de pardas, de 45,6% para 47,0%. Em contrapartida, a parcela que se declara branca caiu de 46,3% para 43,0%.
Foi a população preta que, proporcionalmente, mais cresceu nestes dez anos cresceu – o aumento dela foi de 32,4%, enquanto o da parda 10,8%. Já a população branca ficou estável.
O Nordeste tinha a maior proporção de pessoas declaradas pretas, com 11,4%, seguido do Sudeste (9,6%) e Centro-Oeste (8,7%). Já as regiões que mais concentravam a população parda foram Norte (73,4%), Nordeste (63,1%) e Centro-Oeste (55,8%).
No Sul (75,1%) e no Sudeste (50,7%), havia predomínio de brancos, enquanto o Norte apresentava a menor estimativa dessa população (17,7%).
A Bahia (21,5%) e o Rio de Janeiro (14,2%) foram os estados com maior concentração de pessoas pretas.
Aumenta percentual de pessoas que moram sozinhas
A pesquisa mostrou, ainda, que mais pessoas estão morando sozinhas no país. Entre 2012 e 2021, aumentou de 12,2% para 14,9% a proporção de domicílios habitados por uma única pessoa. Os homens eram maioria (56,6%) neste grupo.
“Há um padrão etário. Das mulheres que moram sozinhas, cerca de 60% são idosas, enquanto os homens que moram sozinhos são, em média, mais jovens”, destacou o analista da pesquisa.
Ao todo, o país tinha cerca de 72,3 milhões de domicílios particulares permanentes no país em 2021, cerca de 9 milhões que em 2012, quando somavam 61,5 milhões.
Na grande maioria dos domicílios do país (68,2%), o arranjo doméstico era do tipo nuclear – composto por um único núcleo, seja por um casal com ou sem filhos ou enteados ou pelas chamadas famílias monoparentais, quando somente a mãe ou o pai criam os filhos, sem a presença do outro cônjuge.