Saúde

Quarta onda de Covid: especialistas esclarecem as novas dúvidas sobre a alta de casos

13 jun 2022 - 09:00

Redação Em Dia ES

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As incertezas vão do uso de máscara ao isolamento, aos sintomas da doença provocada pelas novas variantes do coronavírus e efeitos da Covid longa
A nova alta de casos ocorrida no Brasil mesmo com grande parte da população vacinada trouxe à tona novas dúvidas sobre a doença. As incertezas vão do uso de máscara ao isolamento, aos sintomas da doença provocada pelas novas variantes do coronavírus e efeitos da Covid longa. Os infectologistas Julio Croda e Renato Kfouri, referências sobre o assunto no país, respondem as dúvidas.

Estarei protegido em ambientes fechados se só eu estiver usando máscara?
A obrigatoriedade do uso de máscaras não existe mais na maioria das cidades. Recentemente, alguns municípios, como São Paulo, decidiram recomendar novamente o uso da proteção individual, em especial em ambientes fechados. Entretanto, não são todas as pessoas que aderem a essa orientação. As máscaras são uma medida de proteção individual, e é por isso que mesmo antes da pandemia, ela já era utilizada por profissionais de saúde em hospitais. Por isso, embora o grau de proteção seja maior se todos estiverem usando, estudos mostram que as máscaras protegem o usuário , mesmo se as pessoas a sua volta estiverem sem.

Mas o tipo certo de máscara é fundamental.

— Em locais de aglomeração, sem distanciamento e com muitas pessoas sem proteção, a sugestão é adotar uma máscara de maior qualidade como a PFF2 e a n95. Essas são as máscaras utilizadas pelos profissionais de saúde no hospital, para atendimento aos pacientes de Covid, justamente para não se infectar — diz o infectologista Julio Croda, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.

O infectologista e pediatra Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) ressalta que a máscara é importante não só para não se infectar, como para não transmitir a doença. Lembrando que já há transmissão alguns dias antes do aparecimento dos sintomas.

Os sintomas das novas variantes da Ômicron estão mais fortes?
Os sintomas fortes ocorrem com uma minoria de pessoas nessa fase da pandemia. Em geral eles podem acometer pessoas com sistema imunológico mais fraco, que tiveram uma gripe recente, por exemplo. Lembremos que a terceira onda de Covid-19, gerada pela Ômicron, em janeiro, já apresentava sintomas mais fracos, em comparação com as variantes anteriores – Delta, Gama e a cepa original de Wuhan. Estudos mostraram que a nova cepa tinha maior capacidade de infectar células das vias aéreas superiores do que dos pulmões, o que ajudaria a explicar esse fato.

A onda atual, causada pelo avanço de subvariantes da Ômicron parece estar ainda mais fraca, em termos de sintomas. A maioria das pessoas vacinadas apresenta sintomas semelhantes ao de um resfriado, incluindo nariz escorrendo, fadiga, dor de garganta, espirros, dor de cabeça, tosse e voz rouca.

Entretanto, Croda ressalta que é um erro achar que a Ômicron é mais leve para pessoas não vacinadas.

— Temos dados de Hong Kong, que tinha baixa cobertura de vacinação em idosos, e lá foi observado uma taxa de letalidade de 4,7% pela Ômicron, similar ao inicio da pandemia. então não é que a variante gera uma doença mais leve, é porque as pessoas vacinadas e que já foram infectadas possuem imunidade para combater o vírus e por isso os sintomas são mais leves.

Testei positivo, com poucos sintomas. Quantos dias devo ficar isolado?
Em janeiro, o Ministério da Saúde alterou as orientações de isolamento para pessoas infectadas pelo novo coronavírus. A recomendação vigente determina que é possível sair do isolamento cinco dias após o início dos sintomas – para assintomáticos, a conta deve ser feita a partir do diagnóstico positivo -, desde que a pessoa esteja sem sintomas respiratórios ou febre nas últimas 24 horas e apresente um novo teste com resultado negativo. Quem não quiser realizar o teste, pode sair de casa após sete dias de isolamento, desde que não tenha mais sintomas respiratórios nem febre. Se no sétimo dia o paciente ainda tiver sintomas, é possível realizar um teste. Se der negativo, é possível sair do isolamento. Em caso de teste positivo, o isolamento continua até o décimo dia.

Nestes casos, deve-se evitar contato direto com outras pessoas e aglomerações e reforçar medidas como uso de máscara e higienização das mãos. Após o décimo dia, na ausência de sintomas, o paciente pode sair do isolamento sem necessidade de um novo teste.

Como saber se eu tenho Covid longa?
A Covid longa ainda não foi totalmente desvendada pela medicina. Estudos já identificaram mais de 200 sintomas de longo prazo da doença, para se ter uma ideia. O infectologista Renato Kfouri explica que a definição mais aceita de Covid longa é a persistência de sintomas que não estavam presentes antes da doença, por 3 meses depois do episódio agudo. Por outro lado, Croda recomenda que qualquer sintoma persistente ou que aparecer de 15 a 30 dias após a recuperação da doença deve ser investigado por um médico.

Três antivirais contra a Covid-19 tiveram seu uso aprovado no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). São eles: Paxlovid, Molpunavir e Remdesivir. Para os dois primeiros, a indicação de uso é para pacientes com alto risco de evoluir para quadros graves, como hospitalização e morte. O medicamento deve ser administrado no início da infecção, preferencialmente entre o terceiro e quinto dia, segundo Kfouri.

Já o Remdesivir, primeiro antiviral aprovado pela Anvisa, é destinado para pacientes com pneumonia que precisam de suplementação de oxigênio, mas que não estão sob ventilação artificial. O medicamento é injetado na veia, em ambiente hospitalar, enquanto os outros dois são medicamentos orais.

Por enquanto, apenas o Remdesivir está disponível para uso no país, na rede privada. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde (Conitec) já autorizou a incorporação do Paxlovid no Sistema Único de Saúde (SUS), mas ele ainda não está disponível para uso.

As vacinas protegem contra a Covid longa?
Um número crescente de evidência científicas sugerem que a vacinação contra a Covid-19 reduz o risco de sintomas a longo prazo da doença, embora não o elimine. De acordo com uma análise de oito estudos sobre o assunto feita pela Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido, pessoas vacinadas que foram infectadas eram menos propensas a desenvolver sintomas de Covid longa do que os pacientes não vacinados.

Qual é o esquema de vacinação indicado para cada faixa etária?
Completar o esquema de vacinação é considerado pelos especialistas a forma mais importante de prevenir a Covid-19. Atualmente, o Brasil disponibiliza vacinas para pessoas a partir de 5 anos de idade. Para adultos, é consenso que desde o surgimento da Ômicron, a vacinação com três doses é considerado o esquema básico para proteger contra a doença. Para os demais, que já têm outros reforços liberados, a orientação é tomar.

Para crianças de 5 a 11 anos, o esquema de vacinação consiste em duas doses. Já para adolescentes de 12 a 17 anos, o Ministério da Saúde autorizou recentemente a aplicação do reforço, ou terceira dose, preferencialmente com a vacina da Pfizer. Adultos a partir de 18 anos também devem receber três doses.

Recentemente, a pasta também ampliou o público apto a receber o segundo reforço ou quarta dose. Além de idosos e pessoas com imunossupressão, foram incluídos os profissionais de saúde de todas as idades e pessoas com 50 anos ou mais que tenham recebido o primeiro reforço há pelo menos quatro meses. O estado de São Paulo já oferece a quinta dose para idosos imunossuprimidos, em um intervalo de quatro meses após o segundo reforço.
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Atualizado: 13/06/2022 09:00

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