Saúde

Câncer de mama na família: 27% dos casos são de origem hereditária

22 out 2021 - 08:30

Redação Em Dia ES

Share
Diagnóstico antes dos 50 anos e histórico familiar fortemente positivo para a doença podem ser indícios de mutações genéticas
Assim como todos os tipos de tumor, o câncer de mama surge devido a uma alteração genética que pode ocorrer em razão de condições externas, como estilo de vida e ambiente, ou ser herdada dos pais. Em 27% dos casos, a doença pode ser transmitida da mãe para os filhos. Já os outros 73% ocorrem por alterações nos genes ao longo da vida.

O câncer de mama é causado pela multiplicação desordenada de células anormais dos seios, que forma uma lesão que pode invadir outros órgãos.

De acordo com a médica radioterapeuta Lorraine Juri, do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV), dentre os casos considerados hereditários, somente 5% a 7% são reconhecidos em genes específicos, com mutações de hereditariedade – BRCA1, BRCA2, TP53, PTEN, STK11 e LKB1 – e podem ser descobertos em testes e exames. 

“Os mais comuns são o BRCA1 e 2. Mulheres que possuem vários casos de câncer de mama e/ou pelo menos um de câncer de ovário em parentes consanguíneos, sobretudo em idade jovem, ou homens com membros mais próximos da família que tenham tido tumores mamários podem ter predisposição hereditária e são considerados de risco elevado para a doença”, explica Lorraine Juri.

Este foi o caso da atriz Angelina Jolie, que perdeu a mãe, Marcheline Bertrand, para a doença aos 56 anos, em 2007. 

Ao realizar o teste genético, a artista descobriu que tinha a mutação BRCA1, que está ligada ao desenvolvimento de tumores de mama e ovário, e representa um risco cumulativo.

Em artigo publicado no jornal The New York Times, Angelina Jolie escreveu que os médicos estimaram em 87% o risco de ela desenvolver câncer de mama e 50% de ter um tumor no ovário. Por isso, ela decidiu encarar a retirada das mamas de forma preventiva, o que aconteceu em 2013.

Características específicas
A incidência de câncer de mama hereditário possui algumas características específicas, tais como diagnóstico em idade precoce (antes dos 50 anos), surgimento de outro tumor na mesma pessoa e histórico familiar fortemente positivo para a doença. 

Se houver a caracterização de algum desses fatores, a pessoa pode buscar ajuda médica e se submeter a testes genéticos de rastreamento para identificar algum gene em mutação. 

“O recomendado é que o membro da família já diagnosticado com câncer procure um médico geneticista para realizar o teste genético. Caso o exame apresente algum diagnóstico de alteração por hereditariedade, os demais parentes podem ser submetidos à avaliação e confirmar se também são herdeiros da mutação”, destaca a médica.

Arsenal terapêutico
De acordo com Lorraine Juri, a radioterapia é uma das formas de tratamento também utilizadas contra o tumor de mama hereditário.

“A radioterapia faz parte do arsenal terapêutico do câncer de mama hereditário. Normalmente, ela é usada como tratamento complementar após a cirurgia de mama. É parte fundamental para reduzir a chance de a doença voltar”, explica a médica.

De janeiro a setembro deste ano, foram registradas 188 mortes por câncer de mama no Espírito Santo, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), e 997 internações no mesmo período. Em 2020, foram 355 óbitos e 1.711 internações no Estado.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), 66.280 novos casos de tumor mamário devem ser diagnosticados este ano no Brasil.

Ações de prevenção
A Secretaria da Justiça (Sejus) desenvolve ações de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama no sistema prisional no mês de outubro. Na Grande Vitória, a ação irá beneficiar 42 internas do Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC), com a realização de exames de mamografia. Como em anos anteriores, a Sejus mantém a parceria com a Associação Feminina de Educação e Combate ao Câncer (Afecc), com a oferta do exame que será realizado no Hospital Santa Rita, em Vitória.

As internas que apresentarem alguma alteração no exame serão encaminhadas para consultas com médicos especialistas. A subgerente de Enfermagem do Sistema Penal, Camila Leal Cravo Duque, explica que para obter uma boa resposta ao tratamento contra o câncer de mama, é necessário o diagnóstico precoce.

“Há vários tipos de câncer de mama. Alguns se desenvolvem rapidamente e outros, não. A maioria dos casos tem boa resposta ao tratamento, principalmente quando diagnosticado e tratado no início. O câncer de mama é o tipo mais comum no Brasil e acomete, em especial, as mulheres. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca) é recomendado que mulheres de 50 a 69 anos façam uma mamografia a cada dois anos, ou sempre que houver indicação médica. É possível reduzir o risco de câncer de mama mantendo o peso corporal adequado, praticando atividade física e evitando o consumo de bebidas alcoólicas. A amamentação também é considerada um fator protetor e deve ser estimulada pelo maior tempo possível”, afirma.

Além da mamografia, exames de colpocitologia, que identificam o câncer de colo do útero, também estão sendo realizados durante todo o mês em 100% das custodiadas. Além dos procedimentos, palestras sobre a prevenção e os fatores de risco do câncer de mama também são desenvolvidas nas unidades prisionais femininas em Cariacica, Cachoeiro de Itapemirim, Colatina e São Mateus.

Interior
O Centro Prisional Feminino de Colatina (CPFCOL), em parceria com a Santa Casa de Misericórdia do município, realiza exames de mamografia em cerca de 20 mulheres custodiadas na unidade. A ação de prevenção inclui ainda a coleta de preventivo, bem como palestras educativas sobre prevenção e autocuidado.

No último dia 11, internas puderam assistir à exposição do filme “Ma Ma”, que narra a história de uma mulher que luta contra o câncer de mama. Após a exibição, uma roda de conversa sobre o assunto foi realizada. O relato de vida de uma convidada e paciente acometida pelo câncer também ganhou destaque na ação.

Já no Centro Prisional Feminino de Cachoeiro de Itapemirim (CPFCI) e na ala feminina da Penitenciária Regional de São Mateus, internas receberam encaminhamentos para realização da mamografia pelo serviço de saúde dos municípios. Os exames preventivos são realizados nas unidades prisionais, pelo corpo técnico do Instituto Vida e Saúde (Invisa).
0
0
Atualizado: 22/10/2021 08:30

Se você observou alguma informação incorreta em nosso conteúdo, nos avise. Clique no botão ALGO ERRADO, vamos corrigi-la o mais breve possível. A equipe do EmDiaES agradece sua interação.

Comunicar erro

* Não é necessário adicionar o link da matéria, será enviado automaticamente.

A equipe do site EmDiaES agradece sua interação.