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Influencer de Colatina sofre racismo em grupo de Whatsapp

12 ago 2021 - 08:30

Redação Em Dia ES

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Carol, que também é afroencer, termo que, como explica, é uma mistura de afro com influencer, tem um perfil no Instagram, o @afrocarol
A militante do Movimento de Mulheres Negras de Colatina, Carol Inácio, foi alvo de ataques racistas em um grupo de WhatsApp e denunciou as ofensas em sua conta no Instagram. O caso aconteceu na noite do último domingo (8), no dia do seu aniversário, quando ela foi inserida em um grupo formado por 129 pessoas chamado Realities Red Pill Opressor. A jovem de 26 anos recebeu muitas mensagens ofensivas.

Carol, que se considera uma afroencer, influencer afro, tem um perfil no Instagram, o @afrocarol. A jovem começou sua atuação como digital influencer desde 2018, e já tem mais de 7 mil seguidores, onde fala sobre empoderamento feminino, feminismo negro, intolerância religiosa, autoestima e LGBTQIA+. Também tem dicas sobre cabelo e estética. A digital influencer acredita seu posicionamento político pode ter motivado as agressões.

A afroencer lembra que o primeiro ataque veio no dia 22 de julho deste ano. “Fui adicionada em um grupo de WhatsApp por homens brancos, como eles disseram, onde mandaram print de um reels que fiz da minha tia tomando a vacina contra o novo coronavírus. Nas imagens, ela gritou ‘Viva o Sus, Fora Bolsonaro’. Acredito que essa tenha sido a motivação das agressões, de todo esse ódio que eles destilaram”, contou Carol.

No grupo ao qual a jovem foi inserida, a descrição era a seguinte: “Somos homens, brancos, hetero normais, devido a isso te oprimimos, né? Portanto, assuma seu lugar de inferioridade total”. Abaixo da descrição, constavam frases como “gayzismo é doença” e “feminismo é lixo”. Carol afirma ter sido chamada de “negra porca”, além de os participantes escreverem que “negro fede”. No mesmo dia, a afroencer registrou um boletim de ocorrência.

Receosa com os ataques racistas, a jovem se viu com medo até mesmo de sair de casa. No último domingo (8), ela voltou a ser alvo do grupo e se deparou com novas ofensas. Foi então, que a afroencer entrou em contato com o advogado e registrou novo boletim de ocorrência. Em comunicado no Instagram, ela escreveu: “Nunca faltei com respeito para que qualquer coisa desse tipo aconteça comigo, sempre lutei pelas causas das minorias e agora venho sofrendo ameaças o tempo todo”.

Mas nem o medo é capaz de parar a jovem, que reafirma não se ausentar da luta. Independente das ameaças, ela só quer que as autoridades competentes investiguem esses casos para que o país não viva esse retrocesso. O caso gerou grande repercussão. A vereadora Camila Valadão (PSOL), colega de partido de Carol, também se posicionou nas redes sociais mostrando apoio à jovem.

“Mulher jovem, negra e gorda, Carol foi atacada nas redes por um grupo asqueroso de racistas que se intitulam nazistas. As palavras proferidas pelos agressores são repugnantes e inaceitáveis. Decidimos reproduzir apenas UMA para que haja uma compreensão da gravidade do caso: ‘negras fedem a bicho!’. Racismo é crime! Racismo mata! E nós não nos calaremos e não aceitaremos essas violências. É inaceitável que essas ações ocorram livremente”, escreveu a vereadora.

Carol ainda está muito abalada com as agressões recebidas, mas vê na repercussão do caso uma importante forma de visibilidade para a luta contra o preconceito racial. São atos que acontecem com frequência e cada vez mais ganham maiores proporções.

Leia o comunicado da Carol
Ontem (dia 8), no dia do meu aniversário, fui alvo de diversas ofensas racistas, ameaças a mim e também à minha família. Enviaram imagens ofensivas, ameaçaram me agredir e reforçaram coisas de nazismo e vídeos de Hitler.

Deixo aqui o meu apelo aos que me acompanham e também aos que não acompanham, mas que apoiam a luta, para compartilhar esse post, pois temo pela minha vida e de meus familiares.

Já procurei as autoridades competentes, registrei hoje também mais um B.U, tenho medo que algo pior aconteça antes que alguma providência seja tomada.

Nunca faltei com respeito para que qualquer coisa desse tipo aconteça comigo, sempre lutei pelas causas das minorias e agora venho sofrendo ameaças o tempo todo.

Reafirmo, não vou me ausentar da luta, independente das ameaças, eu só quero que as autoridades competentes investiguem esses casos. Estamos vivendo um retrocesso. Cuidem-se!

Com informações de ES360
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Atualizado: 12/08/2021 08:30

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