Vamos falar hoje sobre violência contra mulher, porque neste minuto em que estamos aqui, mais uma mulher é assassinada pelas mãos de alguém covarde, machista e sem qualquer medo de julgamento ou punição. E isso é um absurdo, que prende a mulher no medo e no sentimento de injustiça. Muitas dessas mulheres ficam presas até na própria casa, onde muitas vezes sofre uma violência que poucas pessoas veem, mas que deixam marcas na alma, não apenas no corpo.
Esse rebaixamento da mulher é resultado de construções históricas, políticas e culturais. Por isso, nas sociedades em que essa desigualdade é ainda mais acentuada, é completamente comum se tratar a mulher como “coisa”, algo que o homem pode usar, gozar e dispor. Enquanto a mulher for vista como um objeto sem voz, sem poder de fala, alguém menor, este homem covarde e sem escrúpulos irá matá-la no primeiro ímpeto de raiva. Por essa razão, você, mulher, precisa de consciência, coragem e proteção, para fugir desse martírio enquanto é tempo.
Estamos falando de violência contra mulher, um tema que a mídia também aborda e que, por isso, ganha certa repercussão. Mas existe um problema paralelo a essa diminuição da mulher e que não podemos nos esquecer: é a desigualdade de gênero em diversos espaços sociais. São outros tipos de violência, presentes no trabalho, na família, do poder financeiro e até na lei. O acesso desigual às oportunidades já posiciona a mulher abaixo dos homens, e isso gera um sentimento de superioridade à figura masculina que, muitas vezes, acaba transbordado para o dia a dia dentro de casa, causando até a morte da mulher em uma mente doentia de machismo.
Se não combatermos todos os dias essa desigualdade entre homens e mulheres e não protegermos nossas mulheres com todo o discurso possível, com leis e, principalmente, com atitudes de repúdio, estaremos colaborando para o reforço ainda maior dessa anomalia social.
Não deve existir na cabeça dos homens esse sentimento de posse, porque ninguém é propriedade de ninguém. Todos somos livres. Ninguém deve ter o poder de controlar o que uma mulher pode ou não fazer, do que ela deve gostar, para onde deve ir e com quem deve conviver. Os homens não deve decidir jamais se a mulher pode ou não viver. É esse sentimento terrível, presente em tantos lares, que aumenta gradativamente o número de casos de feminicídio no país.
A Lei 13.104/2015, chamada Lei do Feminicídio, foi criada como uma tentativa de atenuar esses casos alarmantes de mulheres mortas, que tiveram sua vida ceifada por um covarde. Além disso, essa lei também tenta diminuir os resquícios das construções históricas de discriminação e misoginia. Mas o que precisamos ter em mente é que apenas a lei não basta. Essa doença social está entre nós, dia a dia, nas piadas que fazemos, nos xingamentos do trânsito, nas conversas de família, na organização do trabalho. É no dia a dia que precisamos combater esse rebaixamento da mulher, porque isso mata. Aliás, agora que chegamos ao final, preciso dizer que mais mulheres morreram enquanto estávamos aqui. E o que você fará a respeito? Comece agora, mudando seu pensamento.