Reações locais após aplicação da injeção estão entre as mais frequentes nos estudos clínicos dos imunizantes contra covid-19
O avanço da vacinação contra covid-19 em todo o país acendeu algumas discussões e trouxe algumas dúvidas à tona. As principais delas dizem respeito às possíveis reações adversas da vacina. Uma das principais queixas tem sido a dor no local da injeção.
De acordo com especialistas, este tipo de reação é, de fato, o que mais aparece nos estudos clínicos de todos os imunizantes e não traz nenhum risco à saúde. Mas afinal, a dor acontece por alguma reação à susbtância ou a “culpada” é a agulha?
O clínico geral Érico de Oliveira, explica que injeções intramusculares, como as usadas para as vacinas disponíveis hoje, podem causar a dor local tanto pela agulha como pela substância. Isso porque a agulha usada precisa atingir o músculo, o que requer um calibre um pouco mais grosso.
O organismo reage da mesma forma de quando pisamos em um caco de vidro, gerando uma inflamação, explica o especialista. O fato de ter um líquido injetado também pode responder pela reação local.
“A maioria das pessoas não sente nada, ou sente uma pequena dorzinha muscular. Isso tem a ver com o volume de líquido injetado também. Aquilo tem que ocupar um espaço dentro do músculo e pode gerar dor. Se você comprimir, vai ter dor; se fizer movimento naquele músculo, vai ter dor. A maioria das pessoas prefere fazer a injeção no braço esquerdo para não atrapalhar tanto a movimentação”, acrescenta o médico.
Componentes da vacina também podem causar inflamação
Ainda segundo o especialista, os componentes da vacina também podem influenciar na dor. “E tem a ver certamente com a substância que foi injetada lá também, que gera uma resposta de inflamação depois. […] Algumas vacinas dão mais reação do que outras — e tudo bem.”
Para aqueles que se sentem desconfortáveis com a dor, a recomendação é fazer apenas compressa gelada no local da injeção, recomenda Oliveira. “Isso melhora sozinho e está prevenindo doenças que são muitas vezes desastrosas. Não é um argumento para deixar de se prevenir.”
Saiba como tratar as reações adversas das vacinas contra covid
Por que podem acontecer reações adversas após a vacinação?
egundo o infectologista Munir Ayub, as vacinas são produzidas para estimular a produção de anticorpos imunizantes. Esse processo pode resultar em reações, dependendo de cada organismo.
“As vacinas são produzidas para estimular a resposta imunológica com a produção de anticorpos imunizantes. Quando a vacina entra em contato com um agente etiológico, ou seja, vírus ou bactéria causadora da doença, a pessoa estará protegida. Essa produção é responsável pelas variáveis entre as pessoas. Existem indivíduos que são mais reatogênicos, ou seja, têm mais possibilidade de ter reações”, afirma
Quais as reações mais comuns?
“Em relação à vacina de coronavírus, as reações mais comuns são febre e dor no local da aplicação. Mais raramente, tontura e dor no corpo”, afirma Ayub
Quanto tempo esses efeitos duram? Existem reações mais graves?
O infectologista explica que as reações adversas relativas às vacinas costumam durar de um a dois dias. Segundo ele, é preciso pensar no custo-benefício de uma vacina.
“A vacinação é muito mais importante do que um eventual efeito colateral grave. Existem reações mais frequentes, mas elas são muito simples, que se resolvem rapidamente”, afirma.
Ele ressalta que os efeitos colaterais mais graves e raros podem acontecer com qualquer vacina, não só com a vacina contra covid-19.
Como tratar as reações?
Ayub destaca que a medicação para os efeitos adversos mais comuns, que são febre e dor no corpo, podem ser tratados com analgésicos, como dipirona. Vale ressaltar que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não recomenda o uso de paracetamol para tratar reações da vacina contra a covid-19.
O infectologista orienta também a não tomar analgésicos ou anti-inflamatórios de forma a tentar evitar as reações. “O analgésico como preventivo pode, eventualmente, diminuir a produção de anticorpos”, diz
As reações podem acontecer após as duas doses?
Sim, de acordo com o médico. “As reações podem acontecer nas duas doses. Não é possível definir previamente. Quem teve reações na primeira aplicação pode, e deve, tomar a segunda dose, a não ser que tenha uma reação grave, como trombose”, finaliza Ayub.