Se comparado às décadas passadas, hoje as mulheres alcançaram muitos direitos na luta pela igualdade e respeito diante dos homens. Então, por que ainda existe tanto grito pelo feminismo e tanta busca por um direito que a mulher já tem? Simples: porque nem tudo que está no papel é respeitado na vida real. Enquanto isso, as mulheres estão morrendo. Vamos falar sério!
Sabemos que, na prática, esses direitos conquistados no papel ainda não são iguais para ambos os gêneros. Por exemplo, é notório o aumento do número de feminicídios no Brasil, principalmente nos últimos 3 anos, depois da explosão dos discursos de ódio e desrespeitos públicos à mulher. Isso causa morte, uma pena capital que ceifa a vida de inúmeras mulheres pelo país todos os dias, por homens que enxergam a mulher como alguém menor, que rebaixa esse gênero por se sentirem superior e donos de outro ser humano e que não reconhecem os direitos da mulher, acreditando também no machismo da política e na impunidade da justiça.
No Espírito Santo, até o começo do mês de julho de 2021, 31 mulheres foram assassinadas pelo simples fato de não quererem mais a relação com um homem. Morreram simplesmente por serem mulheres, vistas com desprezo por esses homens – antes, durante e depois do fim do relacionamento. Elas só queriam começar de novo, terem a oportunidade de viver finalmente felizes, mas que não tiveram esse direito de fato. Morreram assassinadas.
Infelizmente, esses homens, assassinos de mulheres, cultivavam na mente que a mulher é propriedade, apenas um objeto, e, com isso, a vida delas pertenciam exclusivamente a eles. Sob um falso e insano discurso de amor e família, prediam a mulher atrás de grades psicológicas e até de violência física. Um obsurdo que, até hoje, muitos outros homens ignoram de ouvir e reconhecer.
Mas, hoje, não vamos falar só de números, porque os números estão aí disponíveis para todos. Estão na TV, nos jornais, nas pesquisas. Só ignora quem não quer enxergar. Hoje, eu vou falar também para você, mulher, que está em um relacionamento complicado, cheio de turbulências e violência (psicológica ou física) e precisa sobreviver. Para começarmos, saiba que raramente um abusador não deixa escapar qualquer sinal de sua conduta e intenções. Sim, esses sinais existem desde o começo. São sinais de ciúmes possessivo e doentio, que começam a aparecer logo no início da relação. Se você já percebeu, não negligencie. É preciso estar sempre observando esses sinais para não ser surpreendida com o pior mais tarde. Boa parte das mortes de mulheres poderia ser evitada se esses sinais não tivessem sido ignorados ou se não tivesse sido subestimada a capacidade de este homem cometer um crime contra você. Mulher, ao perceber tais sinal, procure ajuda rápido.
Em diversos casos de feminicídio, o homem e a mulher estavam habitando o mesmo lar, mesmo com o pedido de separação em andamento. Nessa realidade, o homem aproveitou a condição de estar sob o mesmo teto para acabar com a vida dessa mulher. Pode até parecer que a convivência está normal, mas, em um momento de ciúmes, raiva, embriagez ou até sem qualquer motivo aparente, o lado mais selvagem deste homem aparece. E basta um mísero minuto para que a morte da mulher aconteça.
Vale também frisar que não é somente a violência física que precisamos observar. É importante que entendamos que a saúde mental da mulher também tem muita importância. Precisamos parar de negligenciar a saúde emocional e psicológica das pessoas na sociedade, achando que isso é bobagem ou coisa de gente fraca, como alguns irresponsáveis dizem por aí. Se você cair nessa lábia, estará ignorando o perigo iminente de que a pessoa ao seu lado possa cometer um crime.
Mulher, se você estiver em um relacionamento e, de repente, perceber qualquer sinal de que isso é doentio, procure orientação o mais rápido que puder. Tenha sempre os contatos de uma rede de ajuda na mão, que podem ser de membros confiáveis da sua familia e também dos meios legais que podem proteger e respaldar seus direitos. Por exemplo, no Estado do Espírito Santo, que é destaque no cenário nacional quando se fala de feminicídio e violência contra a mulher, o botão do pânico foi usado pela primeira vez em 2013. Agora imagine quantas mulheres apanharam e sofreram violência antes desse botão ser aplicado no ano de 2013? Conheça esses e outros tantos recursos de proteção e não fique apenas esperando que algo pior ainda aconteça, porque pode ser tarde demais.
Seja uma mulher de identidade, olhe para sua realidade com consciência, isso faz toda diferença.