O rei Roberto Carlos completa 80 anos hoje e, embora
sempre tenha sido muito discreto com sua vida pessoal, em celebração à
data, o cantor, goste ele ou não, vai ganhar de presente pelo menos três
livros contando a sua história.
Já faz algum tempo que circula
em bootleg, encontrado inclusive com no Youtube, uma faixa demo em que
RC apresenta “Querem Acabar Comigo” aos músicos de sua banda no ano de
1965. O rei toca aquele projeto de canção, diz que se influenciou no
estilo das Supremes e canta trechos incompletos da letra. Alguém
pergunta se é uma música de protesto.
Roberto responde: “É, mas a
letra não é de protesto. É um protesto pessoal, uma bronca minha”.
“Querem Acabar Comigo” é também o título de dissertação acadêmica do
niteroiense Tito Guedes, que tem o subtítulo “Da Jovem Guarda ao Trono, a
Trajetória de Roberto Carlos na Visão da Crítica Musical” (Máquina de
Livros).
No livro, Tito conta a trajetória do mais bem-sucedido
nome da música brasileira de todos os tempos, sob o ponto de vista da
imprensa especializada. Garimpando centenas de resenhas publicadas desde
os anos 1960 ate´ hoje. O pesquisador do Instituto Memo´ria Musical
Brasileira (IMMuB) escolheu esse tema como forma de homenagear o
aniversariante. “Partiu primeiro do meu gosto pessoal, eu não
conseguiria fazer uma pesquisa sobre alguém que eu não gostasse. Mas
também, como pesquisador, o papel e o lugar que Roberto ocupa no cenário
da música brasileira é muito complexo e interessante”, disse.
“Essa
visão positiva da crítica com Roberto é muito rara e recente, no início
ou ele era ignorado ou vilanizado, mal visto mesmo. Principalmente no
período da Jovem Guarda, porque era um contexto geral de divisão com a
MPB e a crítica compartilhava dos ideais da MPB e da Bossa Nova, negava o
valor estético da Jovem Guarda”, explicou. O livro mostra,
curiosamente, que os raros momentos de tre´gua da crítica com o rei se
deram quando medalho~es da MPB o abraçaram: na Tropica´lia, com Caetano
Veloso a` frente; com o LP de Nara Lea~o com repertório todo do cantor
no fim dos anos 1970; ou quando Maria Betha^nia gravou um aplaudido
tributo ao rei. E a mesma cri´tica que no início da carreira de Roberto
defenestrou seus primeiros sucessos roma^nticos, de´cadas depois
classificaria as canço~es desta fase como “obra-prima”.
Além
desse viés mais especializado Paulo Cesar de Araújo prepara sua volta à
ativa com “Roberto Carlos Outra Vez”, da Record. O autor já havia se
aventurado sobre o rei com “Roberto Carlos em Detalhes”, obra polêmica
que o cantor conseguiu que fosse recolhido das livrarias e que também
foi o estopim para que, oito anos depois, o Supremo Tribunal Federal
liberasse as biografias não autorizadas no País. Nesta nova obra, Araújo
reescreve a história do rei em dois volumes de mais de 500 páginas cada
um.
Às duas obras, junta-se “Roberto Carlos – Por Isso Essa Voz
Tamanha”, de Jotabê Medeiros, pela editora Todavia. Com 512 páginas,
que traça a história cronológica do artista, por mais um dos seus fãs.
“Eu sou ‘robertomaníaco’, mas tinha certo receio de fazer essa
biografia. Como a editora bancou o risco, é claro que aceitei”, disse,
lembrando o fato de que, apesar da liberação do STF, ainda existe o
código penal. Acusações de calúnia, injúria ou difamação já foram usadas
pelos advogados de Roberto Carlos em outras ocasiões.
O cantor
recluso em seu apartamento no bairro carioca da Urca, onde gosta de
tomar sorvete e assistir ao BBB, ainda não emitiu qualquer opinião sobre
as obras.