Mais de 500 pesquisadores de diversas regiões do país participavam dos estudos.
Pesquisadores da Fundação Espírito-Santense de Tecnologia (Fest) foram surpreendidos pelo aviso rescisão do acordo técnico-científico que analisava os impactos do rompimento da barragem de Mariana (MG) na biodiversidade aquática do Espírito Santo.
A Renova, fundação instituída pela Samarco para reparar os danos do crime ambiental, comunicou o rompimento do acordo no dia primeiro de outubro. Mais de 500 pesquisadores de diversas regiões do país participavam dos estudos.
A Renova alega que o rompimento do acordo se deve a uma nova etapa do monitoramento, que contará com a abertura de um processo seletivo nacional para grupos de pesquisa. De acordo com a fundação, o rompimento do acordo também levou em consideração a paralisação das atividades há 180 dias, em razão da pandemia.
No entanto, as justificativas não convencem os pesquisadores, que afirmam terem sido impedidos de atuar, mesmo seguindo medidas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar o contágio do novo coronavírus (Covid-19).
A Rede Rio Doce Mar (RRDM), que também representa os pesquisadores, afirma que, em agosto, apresentou uma série de protocolos de biossegurança para o retorno gradual das atividades, mas a retomada não foi autorizada pela Renova.
A comunicação do rompimento do acordo foi feita no dia primeiro de outubro. Na ocasião, os pesquisadores foram informados que a rescisão do contrato aconteceria em 30 dias.
O fim do contrato com a Fest preocupa pesquisadores e membros da sociedade civil que temem a falta de transparência nos estudos realizados pela Renova a partir de agora.
A reportagem questionou à Renova se essa nova fase da pesquisa também será feita por pesquisadores de universidades federais e se empresas de inciativa privadas participarão do processo seletivo.
A fundação respondeu apenas que a seleção de pesquisadores e o aprofundamento dos estudos se dará em alinhamento com a revisão do Termo de Referência nº 04/2016 (TR4), atendendo à Nota Técnica 15/2020.
A Pesquisa
O Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática da Área Ambiental I (PMBA/Fest-RRDM) analisa os impactos do rompimento da barragem de Mariana (MG) na biodiversidade aquática em rios, lagos, lagoas, praias, restingas, manguezais e no mar do Espírito Santo.
Os estudos produzidos pela Fest tinham o objetivo de orientar as decisões de reparação dos danos causados pelo crime ambiental.
Com: ESHOJE