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Pandemia: especialistas pedem cautela e alertam que é preciso continuar com medidas de distanciamento

21 jun 2020 - 03:30

Redação Em Dia ES

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Post feito pelo Prefeito de Vitória nas redes sociais tem como base a constatação da prefeitura de que a covid-19 está desacelerando na capital
“Vai passar” é uma expressão que temos falado e ouvido bastante nos dias de hoje, até como um sinal de esperança em um momento tão difícil, que é a pandemia do novo coronavírus. No entanto, na última quinta-feira (18), uma publicação na internet chamou a atenção de muita gente, ao dizer que, em Vitória, a pandemia já está passando.

O post, feito nas redes sociais, é do prefeito de Vitória, Luciano Rezende. Segundo ele, a capital pode estar saindo da fase “vai passar” para a “está passando”. Na publicação, o prefeito destacou que caiu de 208 para 202 o número de internados por coronavírus entre quarta e quinta-feira.

A secretária de Saúde de Vitória, Cátia Lisboa, explica que a conclusão veio a partir de análises feitas pela prefeitura. “A gente tem uma possível estabilização dos casos. Os casos dobravam a cada semana, depois eles passaram a dobrar entre 10 e 15 dias e hoje eles dobram a cada 25 dias. Então isso é uma sinalização que a doença pode estar desacelerando aqui no município de Vitória”, frisou.

Já o secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, afirmou, durante entrevista à rádio Pan News Vitória, na última quarta-feira, que os casos de coronavírus no Espírito Santo ainda têm aumentado, mas que há uma tendência de estabilização em Vitória e Serra.

“Nós ainda temos uma tendência de crescimento no número de casos no Estado do Espírito Santo. Apontamentos que estão sendo feitos sobre estabilização são apontamentos que descrevem uma tendência de estabilização em alguns municípios. Em hipótese alguma há conclusão de que há uma estabilização no número de casos no estado. Inclusive, estamos muito convencidos de que há um aumento intenso de casos no interior do estado, com uma demanda nos leitos de UTI muito perceptível, e que a pressão de leitos ainda na Grande Vitória continua muito intensa”, alertou o secretário.

Durante pronunciamento nesta sexta-feira (19), o governador Renato Casagrande destacou a estabilização da taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivos para covid-19 no Espírito Santo. “A demanda por leitos se estabilizou e esperamos que continue assim. Mas vamos continuar monitorando essa situação dia a dia”, ressaltou o governador.

No entanto, a especialista em saúde pública Ethel Maciel recomenda cautela. Apesar de ser uma notícia esperada por todos, segundo a especialista, ainda não é possível afirmar que há uma desaceleração dos casos de covid-19. Segundo ela, seriam necessários pelo menos 15 dias ou até um mês para afirmar que a curva de infecção chegou ao pico. 

“Nesse momento, é muito prematuro que nós possamos dizer qualquer coisa no sentido de que a doença está desacelerando, diminuindo. Nós ainda precisamos acompanhar, como toda grande epidemia, se essa diminuição é consistente, se ela permanece por 15 dias, um mês. É isso que a gente precisa, neste momento, acompanhar. Porque poucos dias, dois, três, quatro dias, não são suficientes para nos informar sobre o comportamento da doença”, afirmou a especialista.

Nova onda de contaminação
Entretanto, em um ponto todos concordam: ainda não é hora de relaxar nas medidas de isolamento. A falta de disciplina no distanciamento social poderia colocar tudo a perder. Mais do que isso: poderia provocar uma nova onda de contaminação pelo coronavírus.

“Se a população relaxar agora, nós podemos ter uma explosão de casos nos próximos 15 dias. A gente precisa da contribuição da população para que a gente não tenha um estrangulamento dos leitos hospitalares nos próximos dias”, ressaltou Cátia Lisboa.

“Enquanto a gente não tem uma vacina, é muito importante que a gente diminua essa circulação do vírus. Em locais onde a gente poderia já ter controlado, ele pode ser reintroduzido e começa tudo de novo”, alertou Ethel Maciel.

“O que pode alterar essa tendência é a indisciplina social no que diz respeito ao não respeito ao distanciamento social. O que ocorreu no feriadão, das praias cheias, do comércio, da redução do distanciamento social acompanhado pelas operadoras telefônicas e pela Inloco, pode repercutir em um movimento contra essa tendência de estabilização”, destacou Nésio Fernandes.

“Se a gente conseguiu estabilizar o atendimento com a oferta de leitos, o número de pessoas que perdem a vida ainda é muito alto. Então é preciso que a gente também dê essa contribuição juntos, como sociedade, como população e como indivíduo. É preciso manter e ampliar o distanciamento social”, frisou Casagrande.

Serra e Vitória ainda são os municípios com os maiores números de casos confirmados de coronavírus no Espírito Santo. A Serra aparece na primeira colocação, com 5.647 registros. A capital aparece logo em seguida, com 5.643 casos, apenas quatro a menos que o município vizinho.

Outra preocupação é com o interior do estado. Na contramão da Grande Vitória, o número de casos e de mortes nesses municípios está acelerando. A especialista alerta que o vírus não respeita território.

“Os municípios do interior, onde a gente não tem hospitais, onde a gente tem poucos equipamentos de saúde, também podem fazer uma pressão aqui na Grande Vitória e a doença, que se a gente pensar que poderia ter algum controle, pode modificar a dinâmica. Então tudo isso nós temos que observar de forma integrada”, afirmou Ethel Maciel.

Por isso, mesmo que uma desaceleração seja um respiro no meio na pandemia, os cuidados devem permanecer os mesmos. “Vai passar. Mas não é agora ainda. Nós precisamos continuar com a mesma estratégia do uso das máscaras, principalmente para as pessoas do interior, onde a utilização de máscaras, como nós temos observado, tem sido mais deficiente. Essas medidas de precaução, de prevenção, têm um único objetivo: salvar vidas. Porque você pode ter uma infecção leve, uma doença leve, mas você pode transmitir para alguém e essa pessoa ter uma doença grave e morrer. Então o fato de você manter todas as medidas, você está ajudando a salvar as vidas”, ressaltou a especialista.
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Atualizado: 21/06/2020 03:30

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