Isolamento pode gerar quadro de solidão e tristeza, que, sendo prolongada, pode evoluir para depressão
O Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas do mundo. Cerca de 18,6 milhões de brasileiros sofrem de transtorno de ansiedade segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Em meio a uma pandemia em que precisamos nos isolar pensando em nós e no próximo, como nossa saúde mental irá reagir?
O isolamento somado as constantes notícias e incertezas sobre o futuro intensificam os distúrbios emocionais que afetam diretamente a imunidade.
Com a pandemia do coronavírus, muitas atividades tiveram de ser cessadas, especialmente as que envolvem relacionamento humano, que é o caso da psicoterapia. Neste período de crise, em que muitas dúvidas e angústias emocionais podem emergir, é fundamental manter a saúde emocional em ordem, até para que tenhamos consciência e sensibilidade para lidar com a situação de maneira serena.
De acordo com a psicóloga e especialista no tratamento de transtornos de ansiedade, Nataly Martinelli é importante diferenciarmos o que é medo de fobia. “Medo é uma emoção extremamente importante, é um mecanismo de proteção, pois evita que fiquemos expostos a situações de risco. São normais e transitórios e ocorrem comumente nas pessoas. Enquanto fobia é um medo desproporcional, exagerado, irracional diante de determinada situação ou objeto. Causa um sofrimento e prejuízo considerável na vida desses sujeitos”, explicou.
Normalmente as pessoas fóbicas sofrem por ansiedade antecipatória, sentem a necessidade de estar no controle e apresentam medo da morte. As ameaças à saúde desertam o medo (medo da morte).
Fobias comum durante o isolamento
Namofobia: Envolve a fobia de ficar longe de aparelhos eletrônicos. Devido ao alto uso durante este isolamento, muitas pessoas podem acabar desenvolvendo essa dependência, mesmo após o final da quarentena.
Agorafobia: Pessoas que apresentam essa fobia (medo de estar em locais públicos abertos e com grandes aglomerações) podem ver o seu sintoma se intensificar ou ressurgir nesse momento, impedindo ou dificultando a saída de casa mesmo sendo para uma situação emergencial. Pode apresentar um medo que venha a ocorra um ataque de pânico e não ter ninguém para socorrê-la.
Claustrofobia: O medo de estar em locais fechados, como aviões, elevador, espaços pequenos também podem vivenciar novas crises neste momento.
Fobia hospitalar: Ter medo de hospitais, médicos e consultórios é um grande desafio durante uma epidemia. Pessoas com essas fobias podem intensificar o quadro pelo medo de contrair a doença e ter de ir em algum ambiente médico.
“Ao mesmo tempo em que nos aproximamos dos aparelhos, existe um distanciamento social muito grande e não apenas físico, mas também mental. Os noticiários alimentam o medo da aproximação e cada vez mais as pessoas associam o convívio social a uma ameaça, o que a longo prazo, pode prejudicar o quadro fóbico”, disse a psicologa.
A fobia social é o transtorno de ansiedade mais comum e que, em tempos de isolamento, quem já possuí essa fobia precisa se prevenir contra a depressão. Isso porque, segundo estudos, a depressão é muito comum após o desenvolvimento da fobia social, porque de acordo com a especialista, o isolamento pode gerar um quadro de solidão e tristeza, que, sendo prolongada, pode evoluir para uma depressão. Por isso, é necessário que neste período, tenhamos ainda mais cuidado com nossa mente.