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Ataque israelense mata 9 filhos de casal de médicos em Gaza

26 maio 2025 - 11:25

Redação Em Dia ES

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Caso ocorreu na cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza
Concentração de tanques no sul de Israel, na fronteira com a Faixa de Gaza. Foto: Jack Guez/AFP

Um ataque israelense na cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, na sexta-feira (23) matou nove dos dez filhos de um casal de médicos de um hospital local, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

Mahmud Bassal, porta-voz da agência civil de Gaza, disse no sábado que socorristas “transportaram os corpos de nove crianças mártires, algumas delas carbonizadas, da casa do dr. Hamdi al-Najjar e de sua esposa, dra. Alaa al-Najjar, todos filhos do casal”.

As crianças mortas tinham entre sete meses e 12 anos.

Graeme Groom, um cirurgião britânico que trabalha no hospital, relatou à emissora britânica BBC ter realizado uma cirurgia no único filho sobrevivente do casal, de 11 anos. Ele disse que o pai da criança se feriu gravemente no ataque e corria risco de morte.

Mohammed Saqer, chefe da enfermaria do hospital, afirmou ao jornal britânico The Guardian que “Alaa al-Najjar viu com seus próprios olhos os corpos carbonizados de sete de seus filhos serem retirados dos escombros (…), tudo isso enquanto ela estava de plantão no complexo médico de Nasser”.

Em um comunicado, as Forças Armadas de Israel afirmaram ter atacado suspeitos que operavam em uma estrutura próxima a militares israelenses, e descreveram a área de Khan Younis como uma “perigosa zona de guerra”.

A nota afirma que militares israelenses retiraram os civis da área antes do ataque e que “a alegação sobre danos a civis não envolvidos está sendo analisada”.

O que se sabe sobre o incidente?
A médica Alaa al-Najjar, pediatra do Hospital Nasser, estava de plantão quando correu para sua casa e encontrou o local em chamas, disse Ahmad al-Farra, chefe do departamento de pediatria do hospital, à agência Associated Press.

Muneer Alboursh, diretor-geral do Ministério da Saúde em Gaza, administrado pelo Hamas, disse no X que o ataque ocorreu logo depois que seu marido, Hamdi Al-Najjar, tê-la levado ao trabalho.

“Poucos minutos depois de voltar para casa, um míssil atingiu a casa deles”, disse, acrescentando que o pai estava “em tratamento intensivo” no hospital.

Pelo menos 79 pessoas morreram em ataques em Gaza no período de 24 horas até a tarde deste sábado, segundo o Ministério da Saúde do território.

Guerra está em sua “fase mais cruel”, diz ONU
Israel lançou sua campanha militar em Gaza em resposta a um ataque terrorista do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023. O ataque do Hamas a Israel matou cerca de 1.200 pessoas, e o Hamas e outros grupos palestinos também fizeram 251 reféns.

As autoridades de saúde de Gaza dizem que quase 54 mil pessoas morreram na Faixa de Gaza em meio aos ataques israelenses.

Embora Israel e os EUA tenham levantado dúvida sobre esse número de mortos, a ONU e outros órgãos internacionais consideraram os números do Ministério da Saúde de Gaza como confiáveis.

Na sexta-feira (23), o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a população de Gaza estava enfrentando o que poderia ser “a fase mais cruel da guerra”. Ele criticou o bloqueio de Israel à entrada de ajuda humanitária no território – suspenso parcialmente nesta semana.

Presidente Lula condena ataques israelense
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou neste domingo (25) uma nota de forte tom condenatório sobre o ataque aéreo de Israel que matou nove dos dez filhos da médica palestina Alaa Al-Najjar.

“A morte de 9 dos 10 filhos da médica palestina, Alaa Al-Najjar, como consequência de ataque aéreo do governo de Israel na faixa de Gaza no sábado (24) é mais um ato vergonhoso e covarde”, escreveu o presidente. “Seu único filho sobrevivente e seu marido, também médico, seguem internados em estado crítico.”

“Esse episódio simboliza, em todas as suas dimensões, a crueldade e desumanidade de um conflito que opõe um estado fortemente armado contra a população civil indefesa, vitimando diariamente mulheres e crianças inocentes”, criticou.

O presidente brasileiro, que desde o início da guerra tem adotado postura crítica à condução da ofensiva israelense em Gaza, reforçou que, em sua visão, não se trata mais de um conflito em nome da segurança nacional ou da luta contra o terrorismo. “Já não se trata de direito de defesa, combater o terrorismo ou buscar a libertação dos reféns em poder do Hamas. O que vemos em Gaza hoje é vingança”, lamentou.

“O único objetivo da atual fase desse genocídio é privar os palestinos das condições mínimas de vida com vistas a expulsá-los de seu legítimo território”, completou o presidente.

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Atualizado: 26/05/2025 13:03

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