O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) oficializou, nessa quarta-feira (07), uma nova indicação de cultivares de café arábica adaptadas às condições do Espírito Santo.
Com alto desempenho em produtividade, qualidade da bebida e resistência a pragas e doenças, os materiais foram validados em pesquisas realizadas ao longo de seis anos, em 12 municípios das regiões das Montanhas, Caparaó e Noroeste do Estado.
Os resultados foram apresentados durante um Dia Especial em Brejetuba, município reconhecido como a “capital estadual” do café arábica. O evento reuniu cerca de 350 participantes, entre produtores, técnicos, extensionistas, pesquisadores e autoridades. Estiveram presentes o governador do Estado, Renato Casagrande, o vice-governador Ricardo Ferraço e o secretário da Agricultura, Enio Bergoli.
Durante o evento, Renato Casagrande destacou o protagonismo da pesquisa e a força do setor cafeeiro no Espírito Santo.
“Temos um trabalho forte, organizado e integrado de investimentos em pesquisa, ciência e inovação voltados para a agricultura. Esse esforço é construído em parceria com os produtores, que acreditam e colaboram com nossos projetos. Hoje, somos referência nacional e internacional em cafeicultura. Falou de café em qualquer lugar do mundo, tem que falar do Espírito Santo”, afirmou o governador.
O impacto potencial das novas cultivares foi destacado pelo secretário Enio Bergoli.
“Para se ter uma ideia, se as cultivares validadas pelo Incaper estivessem sendo amplamente utilizadas, a previsão de safra da Conab para este ano no Espírito Santo, de 3,3 milhões de sacas de café arábica, poderia chegar a 5,9 milhões. Ou seja, um acréscimo de 2,6 milhões de sacas, com impacto econômico superior a R$ 5 bilhões. Isso sem contar os ganhos com redução de custos de fertilizantes, controle de ferrugem e outros insumos”, ressaltou.
O diretor-geral do Incaper, Alessandro Broedel, celebrou a consolidação dos resultados e o trabalho coletivo que possibilitou os avanços.
“Essa validação é fruto de um trabalho técnico rigoroso e realizado em parceria com produtores que abriram as portas de suas propriedades para a ciência. É um marco importante para a cafeicultura capixaba, pois entrega conhecimento aplicado, pronto para ser usado na melhoria da produtividade, da rentabilidade e da sustentabilidade nas lavouras de arábica”, afirmou Broedel.
A apresentação dos resultados técnicos foi conduzida pelos pesquisadores Maurício Fornazier e Cesar Krohling. O projeto, que integra as ações estratégicas do Governo do Estado para fortalecimento da agricultura familiar, contou com financiamento da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e colaboração da iniciativa privada.
As cultivares recomendadas pelo Incaper são: Catucaí 785/15; Catucaí Amarelo 2SL; Catucaiam 24137; Japy; Acauãnovo; Arara; IPR 103; e Tupi IAC 1669-33.
“A adoção dessas cultivares pelos cafeicultores de arábica possibilitará incremento da produtividade, redução no uso de defensivos agrícolas para controle da ferrugem do cafeeiro, ampliação do período de colheita, otimização das estruturas e do maquinário da propriedade e o aumento do volume de cafés especiais”, destacou o coordenador de Cafeicultura do Incaper, Fabiano Tristão.
Cartilha técnica disponível
Na ocasião, o Incaper lançou uma cartilha com informações detalhadas sobre as cultivares indicadas, apontando o comportamento e desempenho delas em cada região. O material reúne dados sobre produtividade, qualidade da bebida, resistência a pragas e doenças, vigor vegetativo, rendimento de peneira, adaptabilidade e estabilidade de produção.
Exemplares impressos foram distribuídos durante o evento e a versão digital está disponível na Biblioteca Rui Tendinha, do Incaper. Clique aqui e acesse os exemplares.
Homenagem
O evento foi encerrado com uma homenagem aos agricultores, viveiristas, pesquisadores e extensionistas que participaram da pesquisa, desenvolvida em unidades experimentais instaladas em propriedades rurais nos municípios de Alto Rio Novo, Mantenópolis, Santa Teresa/São Roque do Canaã, Conceição do Castelo, Venda Nova do Imigrante, Santa Maria de Jetibá, Afonso Cláudio, Brejetuba, Ibitirama, Guaçuí, Muniz Freire e Dores do Rio Preto.
Importância do café arábica no Espírito Santo
A cafeicultura de arábica tem papel estratégico na economia capixaba e na vida de milhares de famílias. O Espírito Santo é o terceiro maior produtor do País, com uma média anual de 3,5 milhões de sacas cultivadas em, aproximadamente, 136 mil hectares.
A atividade está presente em mais de 26 mil estabelecimentos rurais, envolvendo cerca de 53 mil famílias que têm o café como principal fonte de renda. O setor gera um Valor Bruto da Produção (VBP) estimado em R$ 2,27 bilhões, impulsionando o desenvolvimento de diversas regiões do Estado.