O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta sexta-feira (9) as recentes políticas comerciais adotadas pelos Estados Unidos e indicou que o Brasil pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) caso não haja avanços nas negociações bilaterais. A declaração foi feita durante reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou, transmitida ao vivo por canais oficiais.
O encontro integrou a agenda de Lula na Rússia, onde ele participa das comemorações pelo 80º aniversário da vitória soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. O evento incluiu um desfile militar com a presença do presidente da China, Xi Jinping.
“As últimas decisões anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos de taxação de comércio com todos os países do mundo, de forma unilateral, joga por terra a grande ideia do livre comércio, joga por terra a grande ideia do fortalecimento do multilateralismo, e joga por terra muitas vezes o respeito à soberania dos países que temos que ter”, afirmou Lula.
Tarifas e negociações
O Brasil foi incluído na lista de países afetados pelas novas tarifas comerciais norte-americanas. A maior taxação recaiu sobre as exportações brasileiras de aço e alumínio, com alíquota de 25%. Outros produtos brasileiros entraram na lista com um percentual menor, de 10%.
O governo brasileiro tenta negociar com os Estados Unidos a criação de cotas de exportação que isentem os produtos dessas tarifas, mas até o momento não houve progresso. Diante da possibilidade de impasse, Lula afirmou que o país poderá adotar medidas recíprocas.
“Se não houver uma solução negociada, o governo brasileiro pode apelar à Organização Mundial do Comércio (OMC) e aplicar tarifas recíprocas aos EUA”, declarou.
Parceria com a Rússia
Durante o encontro com Putin, Lula também destacou a intenção de reforçar a parceria estratégica com a Rússia. Segundo ele, há interesse mútuo em expandir a cooperação política, comercial, cultural, científica e tecnológica entre os dois países.
“Temos a chance, neste momento histórico, de fazer nossa relação comercial crescer muito”, disse o presidente brasileiro, que reconheceu a existência de um déficit comercial do Brasil em relação à Rússia.
Brasil e Rússia integram o grupo Brics de economias emergentes, ao lado de China, Índia e África do Sul. Em 2024, o bloco foi ampliado com a entrada de Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.