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Conclave para eleição do novo Papa será diverso, com 133 cardeais de 70 países

28 abr 2025 - 09:30

Redação Em Dia ES

por Julieverson Figueredo, com informações de g1

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Conclave escolherá o próximo Papa que enfrentará o desafio de balancear o legado de Francisco e as necessidades de adaptação da Igreja aos tempos modernos
Conclave para eleição do novo Papa será mais diverso, com 133 cardeais de 70 países. Foto: Reprodução / Agência ECCLESIA

Após a morte do Papa Francisco, na última segunda-feira (21), a Igreja Católica se prepara para um conclave inédito, marcado pela diversidade e pela representatividade global. Um total de 133 cardeais, oriundos de 70 países, terá a responsabilidade de eleger o novo pontífice, em um momento de transição que promete refletir as realidades sociopolíticas de diversas regiões do mundo.

O conclave, que deve começar nos próximos dias, representa uma nova fase para a Igreja, com um grupo de cardeais mais globalizado e diversificado. Se, por um lado, as expectativas podem sugerir uma polarização entre progressistas e conservadores, especialistas afirmam que a eleição do novo Papa será determinada por critérios mais complexos, que vão além das divisões ideológicas, como a continuidade das reformas propostas por Francisco e a busca por uma liderança capaz de promover a unidade da Igreja.

O conclave que elegerá o novo Papa se destaca pela composição do corpo eleitoral. Em 2013, no conclave que elegeu o Papa Francisco, os cardeais representavam 48 países. Agora, são 70 nações, incluindo países como Mongólia, Laos, Papua-Nova Guiné e Mali, que “estreiam” na assembleia de eleitores. Esse fenômeno reflete a tendência de aumento da presença de cardeais de países em desenvolvimento, onde a Igreja Católica é minoritária, mas tem uma significativa influência.

“Francisco aumentou muito a proporção de cardeais que não são europeus nem norte-americanos. E, nesses outros países, a Igreja Católica está mais enfraquecida e minoritária. A tendência é que esses cardeais de fora da Europa e dos EUA busquem uma opção de Papa mais firme”, explica Francisco Borba Ribeiro Neto, sociólogo especialista em religião.

O historiador Gian Luca Potestà, da Universidade Católica de Sacro Cuore, em Milão, reforça que o conclave reflete não só a mudança no perfil dos fiéis, mas também o desejo de Francisco em valorizar igrejas locais, principalmente aquelas envolvidas em causas sociais e políticas. Apesar da grande diversidade, Potestà alerta que o conclave não deve ser visto como uma disputa nacional, mas sim como um momento de articulação interna, com cardeais de diferentes regiões trocando influências.

A dinâmica do voto
Embora a mídia costume associar o conclave a uma polarização entre progressistas e conservadores, especialistas afirmam que o processo de eleição do novo Papa será guiado por fatores bem distintos da dicotomia tradicionalmente vista em contextos políticos.

De acordo com Ribeiro Neto, “existem grupos que desejam radicalizar e acelerar as propostas de Francisco, enquanto outros desejam um retrocesso. Porém, esses grupos são minoritários e não têm força para decidir o resultado”. A chave da eleição, segundo ele, estará no “Centrão” — cardeais moderados, que, embora com posicionamentos diversos, buscam uma liderança que promova um avanço gradual, sem romper com a unidade da Igreja.

“Por mais que existam polarizações, a grande maioria dos cardeais se une pela busca de uma Igreja mais unificada. O papel dos cardeais será o de buscar um equilíbrio entre o legado de Francisco e as necessidades de adaptação da Igreja aos desafios contemporâneos”, afirma Ribeiro Neto.

Quem são os cardeais?
Entre os 133 cardeais votantes, 108 foram nomeados pelo Papa Francisco, enquanto 21 foram indicados por Bento XVI e 4 por João Paulo II. Vale destacar que, apesar de serem nomeados por Papas diferentes, os cardeais não seguem necessariamente uma linha ideológica de seus respectivos nomeadores.

A faixa etária dos cardeais também é relevante. A idade média dos votantes é de 69 anos, com o mais jovem, o ucraniano Mykola Bychok, de 45 anos, e o mais velho, o costamarfinense Jean-Pierre Kutwa, com 79 anos. Apenas cardeais com até 80 anos podem votar, o que reflete o dinamismo do processo eleitoral.

O que vai decidir a eleição?
O sociólogo Ribeiro Neto acredita que o foco não estará nas questões ideológicas sobre temas como aborto ou população LGBTQIA+, mas sim em três critérios centrais para a escolha do novo Papa: a capacidade de promover a continuidade do pontificado de Francisco de maneira prudente, uma forte espiritualidade, e um compromisso com a transparência e a governança clara dentro da Igreja.

Além disso, a maioria dos cardeais votantes não se conhece pessoalmente, o que torna a troca de impressões e a apresentação de ideias durante o conclave ainda mais decisiva. “A percepção de cada cardeal sobre os desafios da Igreja será crucial. O Papa que for eleito será aquele que melhor refletir as preocupações de uma Igreja globalizada, plural e diversificada”, explica Ribeiro Neto.

Os desafios do próximo Papa
O grande desafio para o próximo Papa será manter a unidade da Igreja Católica em tempos de mudanças rápidas e de grandes expectativas. De acordo com Potestà, a eleição do novo pontífice não será marcada por um retorno a um modelo conservador, mas também não será uma continuação integral da linha de Francisco.

“A tendência é que o próximo Papa seja alguém que busque mitigar algumas das aberturas feitas por Francisco, sem reverter totalmente as direções adotadas. A Igreja vive um momento de transformação, e a liderança futura precisará encontrar um equilíbrio entre inovação e tradição”, conclui Potestà.

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