Um Acidente Vascular Cerebral (AVC), seguido de um quadro de insuficiência cardíaca irreversível, foram as causas da morte do papa Francisco, informou nesta segunda-feira (21) o Vaticano.
Um dia antes, no domingo (20), o Papa cumprimentou os fiéis, desejando boa Páscoa.
A última mensagem, que foi lida pelo Monsenhor Diego Ravelli, será lembrada porque resume toda a essência do seu pontificado – um pedido de paz.
Os últimos momentos do Papa no modesto apartamento da Casa Santa Marta foram reconstruídos por fontes vaticanas. Ele acordou às seis da manhã, e os colaboradores o encontraram bem, embora seu estado geral já estivesse seriamente comprometido há dias, inclusive o coração.
Pouco depois, por volta das 7 horas, duas da manhã no horário de Brasília, o Papa se sentiu mal. Foi imediatamente assistido pela equipe médica presente no Vaticano. Às sete e trinta e cinco, Francisco parou de respirar.
A causa da morte foi um derrame cerebral seguido de parada cardíaca. Os médicos comentaram que ele morreu serenamente.
Às nove e quarenta e sete, o camerlengo, o camareiro da Igreja, Cardeal Kevin Farrell, deu a notícia:
“Queridos irmãos e irmãs, é com profunda tristeza que devo anunciar o falecimento do nosso Santo Padre Francisco. Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, encomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Uno e Trino.”
A morte pegou de surpresa o Vaticano, apesar da fragilidade da saúde dele nos últimos meses. No dia quatorze de fevereiro, ele foi hospitalizado com uma bronquite. A crise respiratória se tornou uma pneumonia, e Francisco precisou de equipamentos para ajudar na respiração. Foram quarenta dias no Hospital Gemelli. Quando recebeu alta, os médicos disseram que levaria muito tempo para que ele estivesse totalmente recuperado.
Mas o Papa não desistia de estar próximo dos fiéis e participou como pôde das celebrações de Páscoa.
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Testamento do papa
No documento, o pontífice expressou de forma clara e serena sua última vontade quanto ao local de sua sepultura.
No testamento, Francisco diz que escreveu o texto “sentindo que se aproxima o crepúsculo da vida terrena”, mantendo viva a esperança na vida eterna. O pontífice afirmou que desejava apenas registrar formalmente o seu desejo relacionado ao lugar onde repousariam seus restos mortais.
“Sempre confiei minha vida e meu ministério sacerdotal e episcopal à Mãe de Nosso Senhor, Maria Santíssima. Por isso, peço que meus restos mortais descansem aguardando o dia da ressurreição na Basílica Papal de Santa Maria Maior.”, diz trecho do texto.
Ele pediu que seu túmulo fosse simples, sem ornamentações, e construído no chão, entre a Capela Paulina (onde está a imagem da Salus Populi Romani, tradicionalmente ligada à devoção mariana dos papas) e a Capela Sforza. A única inscrição solicitada por ele na lápide é “Franciscus”.
As despesas com a preparação da sepultura já haviam sido planejadas. De acordo com o documento, os custos seriam cobertos por um benfeitor previamente indicado pelo próprio Francisco, e as instruções para a transferência dos recursos foram confiadas a monsenhor Rolandas Makrickas, responsável extraordinário pelo Capítulo Liberiano, que administra a basílica.
Ao final do texto, o Papa deixou uma mensagem de gratidão àqueles que lhe foram próximos e pediram orações por sua alma. Ele também revelou que ofereceu os sofrimentos enfrentados nos últimos tempos de sua vida “pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos”.
Leia a íntegra do testamento:
“Em nome da Santíssima Trindade. Amém.
Sentindo que se aproxima o crepúsculo da minha vida terrena e com uma viva esperança na Vida Eterna, desejo expressar a minha vontade testamentária apenas quanto ao local da minha sepultura.
Sempre confiei minha vida e meu ministério sacerdotal e episcopal à Mãe de Nosso Senhor, Maria Santíssima. Por isso, peço que meus restos mortais descansem aguardando o dia da ressurreição na Basílica Papal de Santa Maria Maior.
Espero que a minha última viagem terrena se conclua precisamente neste antigo santuário mariano, onde vim rezar no início e no fim de cada viagem apostólica, para confiar com confiança as minhas intenções à Mãe Imaculada e agradecer-lhe os seus cuidados dóceis e maternos.
Solicito que meu túmulo seja preparado no nicho do corredor lateral entre a Capela Paulina (Capela da Salus Populi Romani) e a Capela Sforza da mencionada Basílica Papal, conforme indicado no anexo.
A sepultura deve estar no chão; simples, sem decorações especiais e com a única inscrição: Franciscus.
As despesas para a preparação do meu sepultamento serão cobertas por uma doação do benfeitor que escolhi, uma quantia que será transferida para a Basílica Papal de Santa Maria Maior, e para a qual dei as instruções apropriadas ao Bispo Rolandas Makrickas, Comissário Extraordinário do Capítulo Libérico.
Que o Senhor dê a merecida recompensa àqueles que me amaram e continuarão a orar por mim. O sofrimento que esteve presente na última parte da minha vida eu ofereci ao Senhor pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos.”
Santa Marta, 29 de junho de 2022
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