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Chocolate da terra: produção capixaba de cacau cresce, movimenta a economia e ganha espaço no mercado internacional

16 abr 2025 - 17:00

Redação Em Dia ES

por Julieverson Figueredo

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Com a proximidade da Páscoa, cresce a procura por chocolates e aumenta a visibilidade para a produção capixaba, que alcança mais de 12 mil toneladas e se firma como destaque nacional no setor
Chocolate da terra: produção capixaba de cacau cresce, movimenta a economia e ganha espaço no mercado internacional. Foto: Reprodução

Faltando poucos dias para a Páscoa, a produção de cacau no Espírito Santo ganha protagonismo diante do aumento da demanda por chocolates. O Estado é responsável por mais de 12 mil toneladas do fruto por ano, representando 4,1% da produção nacional e ocupando o terceiro lugar entre os maiores produtores do Brasil, atrás apenas da Bahia e do Pará. A produção gerou um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 185,5 milhões em 2023, conforme dados da Gerência de Dados e Análises da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (GDN/Seag).

A cultura do cacau está presente em 50 municípios capixabas, mas é em Linhares, no Norte do Estado, que mais de dois terços de todo o volume produzido se concentra. Na cidade está sediada uma das principais indústrias de chocolate capixaba, a Espírito Cacau, que também figura entre as maiores exportadoras do setor no Estado.

A empresa aposta no modelo “tree to bar” (da árvore à barra), focado na sustentabilidade e rastreabilidade do processo. “O Espírito Santo vem despontando na produção de cacau e chocolate por associar matérias-primas de qualidade com tecnologia, sem perder a tradição. O cacau produzido no Estado é diferenciado e nos permite criar produtos que conquistam diferentes paladares e trazem o verdadeiro sabor do chocolate”, afirma Paulo Gonçalves, presidente e fundador da Espírito Cacau.

A proximidade da data comemorativa também impacta diretamente nas vendas. Marcos Birchler Redighieri, responsável pela Capitão Redighieri, marca de chocolates artesanais produzidos em Santa Teresa, afirma que a Páscoa é o melhor momento do ano para o negócio. “Nossas vendas aumentam 40%, talvez até mais, durante esse período”, revela.

Em Colatina, a Reinholz Chocolates também registra aumento na procura. “A Páscoa é a melhor época do ano para a chocolateria, trazendo uma oportunidade de alcançarmos novos clientes. Este ano, percebemos uma procura maior para os ovos de páscoa, principalmente aqueles com pistache e com castanha. Houve também uma procura por chocolates mais intensos, sem açúcar”, diz a produtora Fabiani Reinholz, que também preside a Associação Mulheres do Cacau de Colatina.

O setor tem se destacado também pela diversificação de produtos e pelo uso de ingredientes típicos da agricultura local. “Buscamos a valorização dos ingredientes da terra e produzimos chocolates com castanha de sapucaia, com jabuticaba, com pimenta-rosa e também com café conilon”, destaca Redighieri.

Segundo levantamento da Seag, a agricultura familiar responde por quase 70% dos 2.806 estabelecimentos produtores de chocolate no Espírito Santo. O dado reforça a importância social da cadeia produtiva do cacau, que contribui para a geração de renda e o fortalecimento da economia em diferentes regiões.

Além da produção, o setor também investe em experiências ligadas ao turismo. “Também realizamos o agroturismo, o turismo de experiência, e proporcionamos aos nossos clientes a oportunidade de vir e conhecer todo o processo de fabricação dos nossos chocolates, desde o cultivo da lavoura de cacau até o processamento final”, afirma Fabiani Reinholz.

O Espírito Santo é ainda o quarto maior exportador nacional de derivados de cacau. Em 2025, até o mês de fevereiro, o Estado registrou alta de 5,9% nas divisas geradas pelas exportações, passando de US$ 2,7 milhões em 2024 para US$ 2,9 milhões. Apesar da redução de 13,9% no volume exportado no mesmo período, os dados indicam maior valorização dos produtos com valor agregado, como o chocolate.

A produtividade capixaba também apresentou crescimento. O Estado alcançou 778 quilos de cacau por hectare em 2023, segundo melhor desempenho do País, ficando atrás apenas do Pará. O índice representa um avanço de 19,7% nos últimos quatro anos, o maior entre os principais estados produtores.

As projeções apontam para mais crescimento nos próximos anos. Segundo o Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba (PEDEAG 4), o Espírito Santo pretende atingir 20.045 toneladas de cacau até 2032, o que significaria um aumento superior a 70% em relação aos números registrados em 2022.

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Atualizado: 16/04/2025 18:21

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