O número de mortes em acidentes aéreos no Brasil alcançou 148 em 2024, um aumento de 92% em relação ao ano anterior, configurando-se como o maior índice registrado nos últimos 10 anos, segundo dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). A tragédia mais recente, ocorrida neste domingo (22), em Gramado (RS), deixou 10 mortos, tornando-se o segundo acidente mais fatal do ano, superado apenas pela queda de um avião da VoePass, em agosto, que vitimou 62 pessoas.
A tragédia em Gramado, envolvendo um avião de pequeno porte, foi o 41º acidente aéreo com vítimas fatais registrado em 2024, sendo o sétimo com cinco ou mais mortes. De acordo com o Cenipa, a série histórica iniciada em 2014 nunca havia registrado um total tão elevado de mortes em um único ano, ultrapassando os 104 óbitos de 2016, até então o recorde.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul e a Infraero, o avião colidiu com a chaminé de um prédio, atingiu o segundo andar de uma residência e caiu sobre uma loja de imóveis. Os destroços ainda alcançaram uma pousada próxima, afetando hóspedes com a fumaça provocada pelo incêndio resultante.
A Força Aérea Brasileira (FAB) enviou investigadores da área de Canoas (RS) para apurar o caso, enquanto a Polícia Civil segue coletando dados.
“Estamos com uma frente da Divisão de Porto Alegre e com um equipamento de scanner 3D para fazer todo o levantamento possível e subsidiar da melhor maneira possível a delegacia da Polícia Civil na solução desse inquérito. A área afetada está localizada na Avenida das Hortênsias, uma das principais vias turísticas da cidade, que atrai grande público nesta época do ano devido às celebrações de Natal”, destacou o perito Valmor Gomes.
Mais da metade dos acidentes fatais em 2024 envolveu voos de aviação privada, incluindo o de Gramado. Foram 22 ocorrências nessa categoria, seguidas por sete em voos agrícolas. Voos de instrução, policiais e experimentais também tiveram registros, enquanto apenas um acidente foi relacionado à aviação comercial regular, em Vinhedo (SP).
São Paulo lidera em número de acidentes fatais, com 11 ocorrências, seguido por Mato Grosso (6), Pará (5) e Minas Gerais (5). A causa mais comum foi “perda de controle em voo”, responsável por 13 quedas. Problemas mecânicos, como “falha ou mau funcionamento do motor”, motivaram sete acidentes, e 10 casos ainda estão sob investigação.
Histórico de 2024 em números
Embora o número de acidentes com mortes em 2024 tenha aumentado 36% em relação a 2023, totalizando 41, o resultado ainda é inferior a anos anteriores, como 2015 (47) e 2016 (45). No entanto, a gravidade das tragédias elevou significativamente o número de vítimas fatais.
Mesmo sem considerar o acidente da VoePass, responsável por 62 mortes, o ano ainda apresentaria um total de 86 vítimas, o segundo maior da série histórica.