O Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES) começou a implementar uma nova tecnologia ao Sistema Único de Saúde (SUS) capixaba que visa detectar a carga viral do Papilomavírus Humano (HPV), associado ao desenvolvimento da maioria dos casos de câncer de colo de útero. O procedimento envolve testes moleculares baseados em exames de PCR, com foco na ampliação do rastreamento da doença no estado.
A nova tecnologia foi introduzida em setembro e, segundo a médica patologista responsável pela pesquisa, Ana Maria Gonçalves Cruz, o uso do PCR em tempo real, aliado à citologia, deve aprimorar a detecção precoce do câncer de colo uterino.
“Acredito que o uso de PCR em tempo real para detecção do HPV, junto com a citologia, pode melhorar a acuidade do rastreio do câncer do colo uterino e, consequentemente, a prevenção da doença e o tratamento precoce”, afirmou Ana Maria.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de colo de útero registra uma média de 260 novos casos por ano no Espírito Santo. O estado possui a maior taxa de mortalidade da região Sudeste, com 5,12 óbitos por 100 mil habitantes, enquanto a média nacional é de 4,51.
“A alta taxa de mortalidade no Espírito Santo chamou a atenção dos profissionais do laboratório, levando à implementação da nova tecnologia”, explicou a médica.
Os estudos para a aplicação da nova metodologia começaram em fevereiro de 2023, conduzidos por Ana Maria Gonçalves Cruz e pelas biólogas Débora Dalvi e Pamela Ribeiro. Segundo a patologista, o projeto foi apresentado oficialmente em dezembro de 2023, após diversas reuniões com setores da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e com a Vigilância em Saúde.
Inicialmente, a tecnologia foi implementada na Região Sul de Saúde, que apresenta a maior taxa de mortalidade por câncer de colo de útero no estado, com 7,29 mortes por 100 mil habitantes. A ação envolve a testagem de aproximadamente 25 mil mulheres acima de 30 anos, com foco nos municípios de Bom Jesus do Norte, Iconha, Mimoso do Sul, Presidente Kennedy e Vargem Alta, onde as taxas de mortalidade são mais elevadas. Nesses locais, as mulheres realizarão o exame citopatológico e de HPV. Nos demais municípios, o exame de HPV será direcionado às mulheres que apresentarem alterações no exame citopatológico.
Samilla Figueira, superintendente da Regional Sul de Saúde, destacou a importância da parceria com o Lacen para a mudança do cenário da doença na região. “Acreditamos na mudança do nosso cenário em relação ao câncer de colo de útero e na otimização dos serviços prestados à nossa população”, afirmou.