O Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo (CBMES) deu início à Operação Saturação na última segunda-feira (16), com o objetivo de intensificar o combate aos incêndios florestais em todo o Estado.
A medida busca organizar o atendimento ao crescente número de ocorrências de queimadas, que já superam os índices registrados em 2023.
A operação foi implementada após a publicação de um decreto de Situação de Emergência, assinado no dia 9 de setembro, que permitiu a criação de uma sala de crise para coordenar as ações.
O Estado foi dividido em 14 áreas operacionais, com equipes adicionais dedicadas exclusivamente ao combate aos incêndios florestais, sem prejuízo ao atendimento de outras emergências.
As equipes extras, compostas por quatro militares cada, atuam em conjunto com o efetivo regular e estão equipadas com caminhonetes e kits florestais, ferramentas essenciais para alcançar regiões de difícil acesso, onde caminhões convencionais não chegam.
O planejamento prevê que a operação continue até o dia 10 de novembro, com bombeiros escalados para atuar em suas folgas, mediante o pagamento de ISEO (Indenização Suplementar de Escala Operacional) e diárias.
“Nossos militares estão atuando em diversas frentes, em conjunto com outros órgãos, como o Iema [Instituto Estadual de Meio Ambiente], Defesas Civis Municipais, NOTAer, empresas privadas e sociedade civil”, afirmou o tenente-coronel Márcio Rodrigues, diretor de operações do CBMES. Ele destacou a gravidade da situação: “O mundo inteiro está passando por um período difícil, de grandes incêndios, muita seca e calor. O Corpo de Bombeiros Militar está empregando todos os recursos para mitigar os efeitos desse período crítico.”
O aumento das queimadas no Espírito Santo é alarmante. Entre janeiro e o final de agosto de 2024, o CBMES atendeu 2.331 ocorrências de incêndio em vegetação, quase o dobro do mesmo período em 2023, quando foram registradas 1.199.
Apenas nos primeiros 15 dias de setembro, foram 458 ocorrências, superando as 216 do mês inteiro em 2023. Se essa tendência continuar, o Estado poderá enfrentar o pior setembro em termos de queimadas desde 1998.
A principal causa dos incêndios continua sendo a ação humana, muitas vezes criminosa. “A população tem um papel muito importante que é denunciar as pessoas que provocam essas queimadas”, orientou Rodrigues, destacando a importância do Disque Denúncia 181 para que cidadãos comuniquem ações suspeitas de forma anônima.
Comitê de Crise e estiagem
Na terça-feira (17), o Comitê Integrado de Comando e Controle (CICC) Estiagem, criado em 2023 devido à escassez hídrica, realizou uma reunião com diversos órgãos estaduais.
A preocupação central foi o agravamento da estiagem, que vem prejudicando o abastecimento hídrico em todo o Espírito Santo. Participaram do encontro representantes da Defesa Civil, Cesan, Agerh, Idaf e outras instituições.
O comitê discutiu os baixos níveis dos rios e as altas temperaturas registradas em quase todos os meses do ano, além de medidas emergenciais para enfrentar a crise hídrica. Em resposta, a Agerh anunciou que publicará, nesta quarta-feira (18), uma resolução com orientações para o uso consciente da água e restrições para grandes consumidores.
Os próximos meses serão críticos para o Espírito Santo, tanto no combate aos incêndios florestais quanto na gestão da escassez de água. As autoridades estaduais estão mobilizadas para minimizar os impactos, mas o apoio da população e o uso consciente dos recursos serão essenciais para atravessar esse período de crise.