O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer mais de 3% em 2024, superando a média mundial. A previsão foi feita pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante o programa Bom Dia, Ministro, transmitido nesta quinta-feira (12/9) pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Ele atribuiu a expectativa de crescimento ao controle da inflação, redução do desemprego e à criação de mais de 1,5 milhão de empregos nos primeiros sete meses do ano.
Haddad afirmou que a economia está em um processo de correção de rota e que a geração de emprego em 2024 será recorde.
Haddad destacou o crescimento sustentável da economia brasileira, com base em indicadores recentes.
No 2º trimestre de 2024, o PIB cresceu 1,4% em relação ao trimestre anterior, atingindo R$ 2,9 trilhões e colocando o Brasil como o 3º país que mais cresceu entre as principais economias do G20. O resultado foi o 12º consecutivo de crescimento trimestral, o maior desde 2020.
Outro ponto ressaltado pelo ministro foi a queda da inflação, com uma deflação registrada em agosto e a previsão de que a inflação feche 2024 em 3,9%. O desemprego também caiu, com a taxa de 6,8% no trimestre encerrado em julho.
Medidas para sustentabilidade fiscal
Durante sua participação, o ministro mencionou a aprovação, na Câmara dos Deputados, do projeto de lei que prevê a reoneração gradual da folha de pagamento de 17 setores da economia, com uma transição que será concluída até 2028.
Segundo Haddad, a medida é fundamental para corrigir distorções fiscais acumuladas desde 2011, quando a desoneração foi implementada.
O texto aprovado propõe uma reoneração a partir de 2025, com aumento gradual de 5% ao ano na contribuição previdenciária até que os 20% sejam alcançados em 2028. Municípios com até 156 mil habitantes terão um aumento semelhante, mas o período de transição será mais curto, com a alíquota chegando a 20% já em 2027.
Equilíbrio fiscal e justiça tributária
Haddad também defendeu um ajuste fiscal que considere a justiça tributária, argumentando que o Brasil é um dos países onde os mais pobres pagam a maior proporção de impostos em relação à renda. Ele criticou a ideia de ajuste fiscal que penalize os mais vulneráveis, como cortes em áreas essenciais, e ressaltou a importância de reavaliar programas sociais e gastos tributários.
O ministro fez críticas à pressão de lobbies empresariais, afirmando que muitos desses grupos têm influenciado decisões políticas, enquanto os mais pobres não têm a mesma representatividade em Brasília. Para Haddad, o momento é de acabar com medidas como as “pautas-bomba” e o chamado “jabuti” – a inclusão de emendas que não têm relação com os projetos originais – para promover uma transparência maior nas decisões fiscais.
Efeitos climáticos e inflação
Ao ser questionado sobre os impactos da seca e das mudanças climáticas nos preços de alimentos e energia, Haddad reafirmou que o governo tem acompanhado de perto a situação.
Embora os últimos dados tenham trazido boas notícias, ele destacou que a segurança alimentar e energética do país depende da gestão dos recursos hídricos, uma vez que a matriz energética brasileira é predominantemente limpa, mas vulnerável à falta de chuvas.
Haddad ressaltou que o governo está desenvolvendo um planejamento estratégico para enfrentar crises climáticas futuras, que podem agravar a inflação e afetar diretamente a oferta de energia e alimentos.