O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta terça-feira (10), que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no Brasil, apresentou deflação de 0,02% no mês de agosto. Essa foi a 17ª vez que o Brasil registrou deflação desde o início do Plano Real, em 1994. O índice acumulado do ano é de 2,85%, enquanto, nos últimos 12 meses, a inflação foi de 4,24%.
A deflação de agosto foi influenciada, principalmente, pela redução de 2,77% no preço da energia elétrica residencial, com o retorno à bandeira tarifária verde. Além disso, os preços de alimentos e bebidas, que fazem parte da categoria Habitação, tiveram uma queda de 0,51%, contribuindo significativamente para o resultado.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a variação de preços para famílias com renda de até cinco salários mínimos, também apresentou deflação, de 0,14% em agosto. Em comparação, em julho, o índice havia registrado uma inflação de 0,26%, enquanto em agosto de 2023 o índice foi de 0,20%. No acumulado do ano, o INPC apresenta uma alta de 2,80% e, em 12 meses, de 3,71%.
A deflação, que é a queda generalizada dos preços, pode ocorrer por diferentes motivos, como o aumento da oferta de bens ou a retração na demanda. No caso de agosto, a retração foi puxada por fatores específicos, como o retorno à bandeira verde na energia elétrica. Para o mês de setembro, no entanto, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já anunciou o retorno da bandeira tarifária vermelha de patamar 1, o que deve pressionar o IPCA para cima novamente.
Para os consumidores, deflação pode parecer uma coisa boa, já que significa redução de gastos e mais dinheiro no bolso. Mas uma deflação persistente não é um bom sinal quando se pensa na economia como um todo. É um sinal de debilidade da atividade econômica.
Quando há excesso de oferta de bens, ou ausência de demanda, há um aumento da capacidade ociosa na produção, e investimentos em novas fábricas, ou ampliação de linhas, por exemplo, deixam de fazer sentido. Um dos efeitos disso acaba sendo o aumento do desemprego. O remédio para combater esse quadro costuma ser o aumento dos gastos públicos, que pode levar a um endividamento maior do Estado.
Abaixo, os meses em que o Brasil registrou deflação desde o início do Plano Real, de acordo com o IBGE:
Agosto/1997: -0,02%
Julho/1998: -0,12%
Agosto/1998: -0,51%
Setembro/1998: -0,22%
Novembro/1998: -0,12%
Junho/2003: -0,15%
Junho/2005: -0,02%
Junho/2006: -0,21%
Junho/2017: -0,23%
Agosto/2018: -0,09%
Novembro/2018: -0,21%
Setembro/2019: -0,04%
Abril/2020: -0,31%
Maio/2020: -0,38%
Julho/2022: -0,68%
Junho/2023: -0,08%
Agosto/2024: -0,02%