Um experimento com cultivo de ostras no estuário do Rio Piraquê-Mirim, em Aracruz, revelou que a espécie nativa Cassostrea brasiliana teve melhor desempenho em comparação à ostra japonesa Cassostrea gigas.
O estudo, realizado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), apresentou resultados que podem impulsionar o desenvolvimento sustentável da maricultura na região, beneficiando famílias de ribeirinhos, pescadores artesanais e comunidades tradicionais.
O cultivo experimental, implantado na comunidade rural de Lajinha, no distrito de Santa Cruz, iniciou-se com o povoamento de cinco mil sementes de ostras, distribuídas igualmente entre as duas espécies.
Após 172 dias de monitoramento, as primeiras ostras atingiram o tamanho comercial de 70 mm, e os dados mostraram que a C. brasiliana apresentou taxas de crescimento e de sobrevivência superiores às da C. gigas, contrariando as expectativas iniciais dos pesquisadores.
“Esperávamos que a ostra japonesa, sendo uma espécie de clima frio, tivesse um crescimento mais rápido, mas os resultados surpreenderam”, afirmou Marcia Vanacor, pesquisadora responsável pelo projeto. A descoberta é importante, pois a ostra nativa é estudada há menos tempo e, em geral, cresce mais lentamente.
Os resultados foram apresentados no 20º Congresso Latino-Americano de Ciências do Mar e 8º Congresso Brasileiro de Oceanografia, realizados em Santa Catarina. Vanacor destacou a importância dos novos conhecimentos para o desenvolvimento de sistemas de cultivo que possam gerar oportunidades de trabalho e renda para as comunidades locais, além de estimular novos investimentos e políticas públicas destinadas à revitalização da cultura de ostras no Espírito Santo.
No entanto, a pesquisadora ressaltou a necessidade de estudos complementares para avaliar possíveis acúmulos de metais pesados nas ostras cultivadas, dado que o estuário do Piraquê-Mirim foi impactado por resíduos de minério de ferro após o rompimento do reservatório de rejeitos em Mariana, em 2015.