Na próxima sexta-feira (06), a partir das 18 horas, a exposição fotográfica coletiva “E Eu, Mulher Preta” terá sua estreia no município de Ibiraçu, com entrada gratuita, no Complexo Roque Peruch (Avenida Conde D’Eu, 486, Centro). O evento de abertura contará com feira cultural, performance “A Deusa das Águas Doces” por Gabi Santos, roda de conversa e muita música com a Banda de Congo São Pedro.
A mostra esteve em cartaz em Vitória no ano de 2023 e agora pega a estrada, levando a reflexão sobre a invisibilidade das mulheres negras para outros cantos do Espírito Santo. Em Ibiraçu, após a abertura, a população terá até o dia 6 de outubro para apreciar as fotografias. A mostra ficará aberta à visitação de segunda a sexta, das 7h às 16h. A sua classificação é livre, não havendo restrição de idade.
São fotografias de dez mulheres negras pelas lentes de Ana Luzes, Luara Monteiro, Meuri Ribeiro, Taynara Barreto e Thais Gobbo que compõem a exposição. As figuras da Região Metropolitana da Grande Vitória, Ibiraçu e Alegre escolhidas como musas do projeto evocam temas como o empoderamento coletivo como estratégia de resistência; a violência contra a mulher negra; os padrões de beleza impostos pela sociedade eurocêntrica; os afetos; o autoconhecimento; e as práticas e tradições religiosas de matriz africana.
“O principal objetivo do projeto é enriquecer o imaginário coletivo, povoando-o com narrativas e imagens que anteriormente estavam sub-representadas, bem como criar espaços de união entre as mulheres negras, permitindo que expressem suas visões e presenças na sociedade”, detalha a idealizadora e produtora cultural Marilene Pereira.
Ibiraçu e novos caminhos
Nesse momento de chegada à Ibiraçu, entre as mulheres fotografadas para a exposição, entra em destaque Odeth Maria Paulo Aleprandi, liderança na Comunidade Quilombola São Pedro. Ela se tornou uma mulher politicamente ativa, principalmente, durante o período de titulação e certificação das terras da Comunidade São Pedro, a única certificada e titulada no Espírito Santo.
Pereira explica que poucas pessoas sabem da existência da comunidade da qual Odeth faz parte, um local marcado pela presença de imigrantes italianos incentivados por políticas que favoreciam a vinda de europeus e que o projeto da exposição está chegando na cidade para jogar luz na presença de mulheres quilombolas na região.
“Com um olhar histórico por detrás das telas, a exposição conecta diferentes planos da vida social das mulheres negras para fazer emergir uma crítica às suas condições de vida”, completa.
Após sua estadia em Ibiraçu, a mostra seguirá seu percurso itinerante, chegando a Cachoeiro do Itapemirim. Essa parada visa levar o público para perto de outra musa da exposição, a moradora de Alegre, mestra do Bate Flecha e liderança religiosa Dona Eva Dafe.
A idealizadora da exposição conta que essa aproximação das figuras representadas no projeto faz parte da construção de um processo de identificação e reconhecimento das referências culturais.