A Secretaria da Saúde do Espírito Santo (Sesa) emitiu um alerta sobre os riscos associados ao uso de Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), também conhecidos como cigarros eletrônicos ou vapes, especialmente entre os jovens. Apesar de populares, esses dispositivos derivados do tabaco são proibidos no Brasil e apresentam sérios riscos à saúde, conforme ressaltado pela pneumologista Kristiane Rocha Moreira Soneghet.
Os cigarros eletrônicos têm se tornado cada vez mais comuns, particularmente entre os jovens, devido aos seus sabores e odores atrativos. No entanto, a Sesa destaca que esses dispositivos, que contêm nicotina, podem levar à dependência e ao uso de outras formas de tabaco. “Esses dispositivos têm um grau de nicotina e podem sim levar a outras formas de tabagismo, podendo manter a dependência, somado ao atrativo do aroma, que ajuda a manter o hábito”, afirmou Soneghet.
Além de causar dependência, os cigarros eletrônicos podem provocar diversos problemas de saúde. A médica alerta que, ao contrário do que muitos acreditam, esses dispositivos não são inofensivos. Eles podem causar irritação nas vias aéreas e pulmões, levando a tosse, bronquite e até casos graves de inflamação aguda, conhecida como EVALI (Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Cigarro Eletrônico), que pode resultar em insuficiência respiratória e necessidade de internação em UTI. Outras condições relacionadas incluem irritação na mucosa nasal, rinite, asma, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), doenças cardiovasculares e câncer.
Os cigarros eletrônicos são proibidos no Brasil desde 2009 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A fabricação, importação, comercialização, distribuição, armazenamento, transporte e propaganda desses dispositivos são ilegais. Além disso, a Anvisa proíbe o uso de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar em ambientes coletivos fechados.
No Espírito Santo, a Vigilância Sanitária Estadual (VISA), junto com órgãos como o Instituto Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), Delegacia do Consumidor e Ministério Público Estadual (MPES), apoia os municípios na fiscalização desses materiais e na promoção de ações educativas. Denúncias podem ser feitas pelos canais da Ouvidoria SUS, por e-mail, telefone ou presencialmente na sede da Secretaria da Saúde.
Funcionamento e riscos dos cigarros eletrônicos
Os cigarros eletrônicos funcionam à base de uma bateria que aquece uma solução líquida, produzindo um aerossol inalado pelo usuário. Essa solução contém nicotina, propilinoglicol ou glicerol, aditivos de sabor e substâncias cancerígenas. Embora apresentem sabores agradáveis, esses dispositivos são nocivos à saúde.
A nicotina, presente na maioria das soluções usadas nos DEFs, é uma droga psicoativa que pode causar dependência e danos pulmonares. A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que todas as formas de tabaco são prejudiciais e não existe um nível seguro de exposição.
Tratamento para controle do tabagismo
O Programa Estadual de Controle de Tabagismo, da Sesa, busca reduzir os casos de tabagismo no Espírito Santo, capacitando os municípios para a implantação do programa e promovendo campanhas educativas.
Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o tratamento ao fumante é ofertado em 63 municípios por meio de equipes multidisciplinares que realizam avaliações clínicas, inserem os usuários em grupos de apoio e fornecem medicamentos como repositores de nicotina e antidepressivos.
A Sesa reforça que parar de fumar é sempre a melhor opção, e a conscientização sobre os perigos dos cigarros eletrônicos é fundamental para proteger a saúde da população, especialmente dos jovens.
