A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, adiantou nesta quinta-feira (5) que a redução do desmatamento na Amazônia deve alcançar 50%, no monitoramento de setembro. Em agosto, a queda do desmatamento no bioma registrada foi de 48%.
“Provavelmente, nesse mês de setembro, vai aumentar um pouquinho de 48% para 50% a redução do desmatamento [na Amazônia]. No estado do Amazonas, a redução foi de 64% e uma redução de 50% nas queimadas”, celebrou Marina Silva, no 7º Fórum Nacional de Controle, com o tema Desenvolvimento Sustentável e o Controle – Conectando Fiscalizações, Governança e Sustentabilidade, evento organizado pelo Tribunal de Constas da União (TCU).
A ministra também apontou os efeitos combinados do fenômeno natural El Niño e do aquecimento das águas do Oceano Atlântico, no resultado das mudanças climáticas que acarretaram eventos extremos. Ela citou alguns efeitos do fenômeno como as fortes chuvas no Rio Grande do Sul e, paralelamente, a seca nos rios do Amazonas e as mortes de toneladas de peixes e de mais de 100 botos e tucuxis, porque a temperatura das águas dos rios chegou a 39º graus.
No entanto, a ministra entende que o Brasil poderá ser um grande exportador de sustentabilidade.
“Já temos o Plano de Transformação Ecológica; o Plano de Agricultura de Baixo Carbono e estamos com o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento para todos os biomas brasileiros. Não é fácil, mas, com certeza, não é impossível. Sendo olhados, sendo vistos, criaremos o necessário constrangimento ético para toda a humanidade de que o que estamos fazendo ainda é insuficiente”.
Marina ainda propôs um acordo para a questão ambiental, como ocorreu no sistema financeiro mundial, como forma de preservar a natureza.
“Temos que fazer um acordo da Basileia também para o planeta. Só podem existir atividades, se tiver lastro na natureza, capacidade de suporte da natureza. Se não tiver, essas atividades não podem ser feitas”, defendeu.
O Acordo de Basileia, de 1988, teve o objetivo de regular o funcionamento de bancos e diversas instituições financeiras mundiais.
No fim de sua fala no evento, Marina Silva ainda questionou a forma como ela e a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, foram tratadas em viagem a Manaus, nesta quarta-feira (4), para conferir a situação de alerta dos municípios do Amazonas devido à seca. As duas ministras acompanharam o vice-presidente Geraldo Alckmin, na comitiva do governo federal.
A ministra foi criticada por políticos locais pela demora na concessão da licença ambiental para pavimentação da rodovia federal BR-319, que liga o Amazonas a Porto Velho, e ao restante do país. Na ocasião, a ministra disse que a concessão é um processo técnico, e estudos estão sendo realizados para verificar a viabilidade das obras na BR, sem impactar a sustentabilidade local. “Ninguém dificulta, ninguém facilita”, esclareceu a ministra.
“Ontem [quarta-feira], as palavras mais duras foram dirigidas a mim e à ministra Soninha [Sonia Guajajara]. E eu pensei o por quê? Quando os povos indígenas protegem 80% das florestas existentes no planeta, as palavras duras foram dirigidas a nós. Às vezes, a consciência da gente projeta em outro alguém aquilo que não queremos assumir como responsabilidade”, disse a ministra.