Nessa quarta-feira (9), o candidato à presidência do Equador, Fernando Villavicencio, foi assassinado durante um comício de campanha no norte de Quito, capital do país.
O presidente Guillermo Lasso confirmou a morte de Villavicencio em uma publicação no Twitter, onde expressou indignação e consternação pela morte do candidato.
Fernando Villavicencio, de 59 anos, era um crítico veemente da corrupção e do crime organizado, além de ter denunciado o ex-presidente Rafael Correa durante sua atuação como jornalista.
O ataque ocorreu enquanto ele estava sendo escoltado por seguranças até um veículo após o evento, quando tiros foram disparados, resultando em sua morte. Relatos não oficiais mencionam que Villavicencio foi atingido por cerca de 30 tiros, incluindo um na cabeça.
“Indignado e consternado com o assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio. Minha solidariedade e condolências à sua esposa e suas filhas. Pela sua memória e luta, asseguro-lhes que este crime não ficará impune”, afirmou o presidente do Equador.
Ele também afirmou que mobilizará as autoridades do Conselho Nacional Eleitoral e da Corte Nacional de Justiça, entre outras, para tratar do assunto.
“O crime organizado já foi muito longe, mas sobre ele recairá todo o peso da lei”, acrescentou Lasso.
A campanha eleitoral já estava marcada por tensões políticas, e o partido de Villavicencio havia discutido a suspensão da campanha devido à violência política anterior, incluindo o assassinato do presidente da Câmara de Manta em julho.
Villavicencio, que contava com 7,5% de apoio nas pesquisas, estava em quinto lugar entre os oito candidatos presidenciais. Poucos dias antes de ser morto, ele havia mencionado em uma entrevista na televisão pública que vinha recebendo várias ameaças de morte, aparentemente originadas do líder de um grupo criminoso conhecido como “Choneros”, também conhecido como Fito, que o ordenou a parar de mencionar seu nome.
Lasso decretou na noite dessa quarta-feira (9) estado de emergência no país durante 60 dias após o assassinato de Villavicencio.
Apesar do trágico evento, o atual presidente confirmou que as eleições gerais extraordinárias, agendadas para 20 de agosto, serão mantidas. No entanto, serão destacados militares para garantir a segurança dos eleitores.
Facção criminosa reivindica ataque
Em vídeo publicado no Twitter, um grupo de homens encapuzados e armados assume a responsabilidade pela morte de Villavicencio. A facção criminosa Los Lobos é considerada a segunda maior do Equador.
Seis pessoas suspeitas de envolvimento no assassinato de Villavicencio foram presas na noite de ontem. Uma pessoa morreu durante troca de tiros com a polícia, diz o Ministério Público.
No vídeo, a facção também ameaça outros políticos, inclusive o presidenciável Jan Topic. A eleição equatoriana foi mantida para o dia 20 de agosto, apesar do atentado.
Autoridades ainda não vinculam oficialmente o assassinato de Villavicencio à facção Los Lobos. Na semana passada, Villavicencio declarou que recebeu ameaças do grupo criminoso Los Choneros.
Segundo a BBC, Los Lobos é dissidente da facção Los Choneros e tem 8 mil membros. Eles têm envolvimento com tráfico internacional de cocaína.
Feridos
Uma candidata a deputada e dois agentes policiais estão entre os nove feridos, de acordo com informações divulgadas pelo Ministério Público. As autoridades, em conjunto com a polícia, estão coletando evidências no local do crime e no centro médico para onde as vítimas foram levadas.
O ministro do Interior, Juan Zapata, assegurou que o ataque foi perpetrado por assassinos contratados.
Além de Villavicencio, há outros candidatos nas eleições presidenciais, como o ambientalista Yaku Pérez, a ex-deputada Luisa González, o especialista em segurança Jan Topic, o ex-vice-presidente Otto Sonnenholzner, o político Daniel Hervas, o empresário Daniel Noboa e o independente Bolívar Armijos. O combate à criminalidade é uma das principais promessas dos candidatos que buscam suceder o conservador Guillermo Lasso como presidente.