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No Morumbi, Evair repete passos de 93: ‘Meu gol de pênalti mais bonito’

12 jun 2013 - 12:16

Redação Em Dia ES

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Dezessete anos em seis segundos. Apesar de curto, o tempo entre o apito do árbitro José Aparecido de Oliveira e o chute de Evair com o pé direito foi o suficiente para que se passasse um filme na cabeça do torcedor palmeirense naquele 12 de junho de 1993. Os passos calmos e tranquilos do camisa 9 do Verdão só serviram para aumentar a expectativa da torcida e de todos presentes no estádio do Morumbi naquele frio sábado de fim de outono paulistano.

O gol do atacante, aos 10 minutos do primeiro tempo da prorrogação da segunda partida da final do Campeonato Paulista, contra o Corinthians, deu a certeza ao torcedor de que o fim do sofrimento estava próximo. Naquele toque da bola na rede, muitos alviverdes na arquibancada, e espalhados por todo o Brasil, poderiam soltar um grito preso na garganta por longos e doloridos anos.

– Na hora em que corri para bater o pênalti acho que eu não pisava o chão. Eu não podia errar. Eu me preparei a vida toda para aquele pênalti. Acho que fiz estágio nos outros porque para bater um pênalti com cem mil pessoas no estádio, enfrentando uma fila de 17 anos, você precisa estar pronto. Foi o momento mais importante da minha vida e da minha carreira. Ali eu pude perceber o que é deixar de ser vice-campeão para ser campeão – diz Evair.

Para reviver a histórica conquista palmeirense, que completa 20 anos neste 12 de junho, a reportagem do GLOBOESPORTE.COM convidou o ex-atacante para voltar ao palco do título e reencontrar o gol que mudou a história do Palmeiras e de milhões de pessoas.

No Morumbi, Evair, de calça jeans e antes de voltar a vestir a camisa 9 alviverde, não demorou para reviver os lances que ainda estão bem nítidos em sua memória. Grande nome da conquista, o ex-atacante passeou pelo gramado do estádio são-paulino e, dentro da grande área, voltou no tempo na carreira.

– É marcante e me traz muita lembrança. Não tem palmeirense que não fica feliz de poder rever tudo aquilo. Fiz vários gols ali, de outros títulos até, mas é claro que aquele (do Paulistão de 1993) representa muito. Ali foi escrita uma história que faz parte do meu dia a dia, da minha vida. Tenho alegria muito grande de poder rever, de hoje olhar para trás e dizer que tudo valeu a pena – afirma.

– Foi o gol de pênalti mais bonito e mais importante da minha história – completa.

Eterno ídolo da torcida alviverde, Evair atuou 245 vezes com a camisa do Palmeiras e marcou 127 gols – ou seja, um a cada dois jogos. Foram seis títulos em duas passagens pelo clube, de 1991 a 1994 e em 1999. Presente nos momentos mais marcantes da história recente do Verdão, o ex-camisa 9 se orgulha de ter feito parte de um grupo que recolocou o time na rota das conquistas.

– Sei que daqui há algum tempo ainda vai existir essa lembrança. Hoje faz 20 anos e daqui 20 anos vai haver pessoas falando desse jogo. Foi algo emocionante que fez com que um grupo de futebol tirasse lá do fundo a vontade de escrever uma história que não será esquecida nunca – afirma.

Craque e chato: tratamento diferenciado para a final

Craque e símbolo da equipe, Evair sofreu para retornar aos gramados e entrar em campo nas finais do Campeonato Paulista de 1993. Aproximadamente um mês antes da decisão, o atacante sentiu uma lesão muscular que quase o tirou dos clássicos contra o Corinthians. O retorno ao time, após quase 30 dias no departamento médico, aconteceu somente no intervalo do primeiro jogo da final, quando o Alvinegro já vencia por 1 a 0.

A ideia inicial do técnico Vanderlei Luxemburgo era contar com o atacante somente no segundo jogo, mas ele teve de ceder à pressão do jogador. O treinador recorda até hoje dos diversos pedidos de Evair, mesmo sem ritmo de jogo, para entrar em campo desde o início da primeira final.

– O Evair vinha de lesão e queria jogar o primeiro jogo, mas combinamos de ele entrar só no segundo, que é quando realmente decidia. Cuidamos dele como se fosse uma joia rara para a decisão. Ele me perturbou bastante para entrar no primeiro jogo desde o início, mas falei que não – relembra Luxemburgo, atualmente comandando o Grêmio.

Artilheiro da equipe naquele Paulistão, o ex-atacante admite que não estava 100% nem mesmo para a segunda partida, quando atuou por 100 minutos. O camisa 9, que treinou com o restante do elenco somente na semana do primeiro jogo, garante que os problemas físicos serviram de motivação extra.

– Não tinha ritmo de jogo, sabia que não aguentaria jogar 90 minutos, mas tinha certeza que sairia de campo carregado. Isso era algo entre nós que não tinha como negar. Deixávamos transparecer essa dedicação – conta.

Volta por cima no Palmeiras

Engana-se quem acha que a trajetória de Evair no Palmeiras foi um casamento perfeito do início ao fim. O atacante chegou ao clube em 1991, após uma troca: Verdão cedeu Careca Bianchesi para o Atalanta, da Itália, e repatriou o ex-destaque do Guarani.

De volta ao Brasil, Evair chegou falando grosso. Mas logo nos primeiros meses de clube sentiu que a pressão por títulos dominava os bastidores do clube.

– Eu lembro que, quando cheguei ao Palmeiras, disse que seria campeão. E ninguém acreditava porque era um momento difícil na história do clube. Eram muitos anos sem títulos, e as pessoas achavam que tinha chegado mais um – recorda.

Se não bastasse o jejum de quase 17 anos sem conquistas, o atacante teve de enfrentar mais uma polêmica. Nelsinho Baptista, então no comando do Verdão, resolveu afastá-lo do elenco, com mais três companheiros: o goleiro Ivan, o zagueiro Andrei e o meia Jorginho. Foi quando a história entre Palmeiras e Evair quase teve um precoce e triste fim.

– Eu estive afastado em um momento totalmente oposto àquele que vivemos em 1993. Os momentos que passei no início foram tristes e de profunda desilusão. Até pensei em mudar de time, mas no último momento houve um acerto e tive a oportunidade de reescrever aquela história – conta.

Bom para Evair. Melhor para o Palmeiras.

Fonte: Globoesporte.com

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Atualizado: 12/06/2013 12:16

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