Mas para os meios políticos essa antecipação da defesa pode arranhar a imagem do socialista para a campanha à reeleição no próximo ano.
A movimentação de Casagrande seria para manter a unidade da base, garantindo assim sua governabilidade para este ano e a movimentação de 2014. Mas diante de uma nova denúncia, desta vez envolvendo as renúncias fiscais em favor do Instituto Sincades, aumenta o risco de compartilhar o palanque com o ex-governador.
As tentativas de desqualificar as denúncias atacando os promotores de Justiça, não funcionaram, muito pelo contrário, geraram reações em defesa das ações contra o ex-governador. Como as ações tramitam na primeira instância, uma condenação não “suja” a ficha de Hartung, mas faria um grande estrago em sua imagem, construída com um discurso de “faxina ética” e “reconstrução política”.
As denúncias colocam em xeque essa imagem construída em seus dois mandatos e abala o sistema político que orbitou na última década em torno dele e sob seu comando. Além das denúncias de improbidade administrativa, politicamente, Hartung precisaria de um esforço do governador para garantir sua eleição, caso ele realmente dispute a vaga a ser aberta no próximo ano para o Senado.
Para os meios políticos, Casagrande vive um dilema: se excluir Hartung do palanque, pode colocar em risco a unidade da base que sustenta seu governo. Os partidos e prováveis candidatos que fazem parte do grupo, defendem a permanência de Hartung, porque isso também significa manter o controle do poder econômico, que financiará as campanhas majoritárias e proporcionais do próximo ano.
Além disso, se tirar Hartung do grupo, Casagrande estaria virando as costas para o palanque no qual se elegeu em 2010. Mas se mantiver a defesa intransigente do ex-governador, poderá sair desgastado do processo, se Hartung não conseguir reverter as denúncias na Justiça.
Aliado ao problema no próprio palanque, Casagrande ainda tem uma outra preocupação que é a possibilidade de enfrentar uma candidatura de oposição, capitaneada pelo senador Mango Malta (PR). O senador não confirma sua disposição para disputar a eleição do próximo ano, mas a impressão do mercado é de que ele tem um capital eleitoral muito maior do que vem sendo apresentado nas primeiras sondagens e que pode crescer, colocando em risco a reeleição de Casagrande.
Como não depende do sistema financeiro que sustenta a base de Casagrande, ele fica livre para erguer um palanque de oposição. Escolheu para isso o discurso da Segurança. A movimentação no sentido de criar uma CPI do erro médico em nível nacional pode lhe dar uma visibilidade e penetração na classe média, que ele ainda não transita com desenvoltura, ficando assim, com uma musculatura eleitoral difícil de ser batida.
Fonte: SeculoDiario.com.br
Por Renata Oliveira