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Uma quadrilha especializada em crimes cibernéticos está usando o Facebook para agir em Linhares. O grupo invade computadores, furta senhas de cartões de crédito e até monta armadilhas para atrair pessoas a encontros onde assaltos são praticados.
A maneira de agir da quadrilha é simples. Primeiro, ela cria perfis falsos usando fotos de mulheres bonitas e faz um pedido de amizade. Em seguida, o bando passa a interagir entre si, fazendo comentários e compartilhando mensagens para dar credibilidade ao perfil falso. Quando consegue um bom número de amigos, a quadrilha inicia um bate-papo com as vítimas, ocasião onde conseguem marcar encontros, instalar vírus e também conhecer a rotina e a privacidade alheia.
Empresário foi vítima de bando
O empresário C.S.C., 47 anos, foi vítima do bando. Ele contou que foi seduzido por uma das “garotas” do perfil e aceitou sair para tomar um chope. Contudo, assim que chegou ao local marcado, foi rendido por três homens armados e forçado a fazer saques em um caixa eletrônico.
Constrangido, a vítima, que teme represálias, preferiu não denunciar o caso à polícia. “A mulher parecia muito real. Tínhamos vários amigos em comum e por causa disso não cheguei a pensar que era um perfil falso. Marcamos de nos encontrar numa praça do Interlagos, para depois irmos a um barzinho, mas acabei rendido por três homens armados e fui forçado a fazer saques caixas eletrônicos que somaram R$ 1 mil. Por sorte não aconteceu o pior, mas o medo foi tão grande que já apaguei meu perfil no Facebook”, afirmou C.
Ao conseguir ser adicionada como amigo, a quadrilha passa a ter informações sobre a vida da vítima. Detalhes como nome de parentes, endereço, moradia e rotinas diárias são detalhadamente analisados. Dados que nas mãos de bandidos ajudam a organizar crimes como furtos a residências, sequestros relâmpagos e até extorsão.
Segundo orientações da Polícia, nunca se deve aceitar pedidos de amizades de pessoas desconhecidas ou que não se tenha como saber o motivo pelo qual o pedido está sendo feito. Muitos bandidos usam desse subterfúgio para obter informações privilegiadas e praticar os mais diversos crimes.
Quatro perfis falsos já foram descobertos
Pelo menos quatro perfis falsos já foram descobertos em Linhares. Casos de F.Z., que se passa por universitária; M.S.L., que se intitula gerente; M.C., que diz ser natural de Teresóplis (RJ); e C.M., que alega ser funcionária da prefeitura de Linhares. Esses perfis podem ser facilmente desmascarados usando uma ferramenta simples do Google. As fotos são facilmente encontradas em sites denominados “Doação de Fotos Fakes (falsas)”.
Produzir perfis falsos no Facebook, além de ser contra as regras da empresa, também é tipificada como crime no Brasil. Com base em uma simples pesquisa no Google, é possível descobrir que F.Z. está ligada a um site árabe; e M.S.L. é a colombiana Mariana Davalos, irmã gêmea de Camila Davalos. Ainda segundo o Google, M.C. é o perfil falso da blogueira Jéssica Torres, e C.M. usou em seu perfil falso as fotos da atriz indiana Meenakshi.
Lei dos Crimes Cibernéticos entrou em vigor na terça-feira
Sancionada no ano passado, a Lei dos Crimes Cibernéticos (12.737/ 2012), apelidada de “Lei Carolina Dieckmann”, entrou em vigor na terça-feira (2) e tipifica como crime relacionado ao meio eletrônico invadir computadores, violar dados de usuários e “derrubar” sites. Também especifica como crime a violação indevida de equipamentos e sistemas conectados ou não à rede de computadores, com o objetivo de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização do titular, ou ainda para instalar programas que facilitem o acesso a informações “vulneráveis”. As penas podem variar de três meses a dois anos de prisão, além de multa.
Fonte: Jornal Correio do Estado
