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“O Manual da Mulher de Identidade”, de Rachel Poubel, promete trazer luz às questões da identidade feminina

12 jul 2023 - 20:30

Redação Em Dia ES

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Em entrevista exclusiva ao Em Dia ES, Rachel Poubel compartilhou detalhes sobre a proposta central de seu livro, que é uma adaptação dos textos da coluna e do podcast "Mulher de Identidade"
"O Manual da Mulher de Identidade", de Rachel Poubel, promete trazer luz às questões da identidade feminina, Foto: Divulgação

A escritora e terapeuta para Mulheres Rachel Poubel está prestes a lançar seu novo livro, “O Manual da Mulher de Identidade: Reflexões Obrigatórias para Mulheres e Todos que Convivem com Elas”. Com data marcada para o dia 17 de julho, às 19:30, o lançamento acontecerá na Thereza’s Bar, localizado na Ladeira João da Santa, no Centro de Linhares.

Em entrevista exclusiva ao Em Dia ES, Rachel Poubel compartilhou detalhes sobre a proposta central de seu livro. “A ideia principal é trazer à tona os desafios diários que as mulheres enfrentam, desafios esses que muitas vezes são aceitos pela sociedade, mas que prejudicam a identidade feminina”, afirmou a autora. O livro aborda temas como maternidade, trabalho, sexualidade e preconceitos enfrentados pelas mulheres nessas áreas.

O “O Manual da Mulher de Identidade” é uma adaptação dos textos da coluna e do podcast “Mulher de Identidade”, trazendo uma coletânea de episódios que retratam a realidade das mulheres. Rachel explicou que a transformação desses conteúdos em um livro foi um desafio, mas também trouxe recompensas. “Ao unir esses episódios separados, pude criar uma obra que reflete experiências reais. Tudo no livro é baseado em fatos reais, inclusive algumas das minhas próprias vivências”, revelou.

Rachel ressaltou a importância de questionar situações que incomodam e não se sentir obrigada a seguir padrões impostos pela sociedade. Foto: Divulgação

A reflexão sobre a identidade feminina é essencial nos dias atuais. Rachel ressaltou a importância de questionar situações que incomodam e não se sentir obrigada a seguir padrões impostos pela sociedade. “As mulheres devem prestar atenção em sua rotina, identificar o que faz mal para elas e não aceitar tudo o que lhes é oferecido. É necessário acender um alerta quando algo não está em harmonia com sua identidade”, aconselhou a autora.

No livro, Rachel aborda a importância de envolver todos na reflexão sobre a identidade feminina, incluindo homens e outras pessoas que convivem com as mulheres. “A causa da mulher não é apenas das mulheres, é uma causa da sociedade como um todo. É fundamental que todos estejam engajados nessa reflexão, valorizando as potencialidades tanto das mulheres quanto dos homens”, enfatizou.

Rachel Poubel espera que seu livro impacte as mulheres que o lerem, estimulando a consciência sobre questões que muitas vezes são ignoradas. Ela acredita que a reflexão e a conscientização são fundamentais para gerar mudanças significativas. “Ao questionar e trazer à tona as questões que nos incomodam, podemos promover a transformação. É a consciência que impulsiona a mudança”, afirmou a autora.

“O Manual da Mulher de Identidade: Reflexões Obrigatórias para Mulheres e Todos que Convivem com Elas” promete ser uma leitura envolvente e provocativa, convidando os leitores a refletir sobre sua própria identidade e buscar uma vida autêntica e significativa.

Confira a entrevista com Rachel Poubel na íntegra:

“O Manual da Mulher de Identidade: Reflexões Obrigatórias para Mulheres e Todos que Convivem com Elas” promete ser uma leitura envolvente e provocativa. Foto: Divulgação

Como você descreveria a proposta central do livro “O Manual da Mulher de Identidade”? Quais são os principais temas abordados nele?

Rachel: Bom, este manual é um livro que relata desafios cotidianos da mulher, tanto modernos quanto atemporais. São desafios que têm acompanhado as mulheres ao longo do tempo.

O tema central do livro são esses pequenos desafios, que às vezes as pessoas se acostumam a enfrentar porque são aceitos pela sociedade, mas que, na realidade, prejudicam bastante a identidade da mulher. Muitas vezes, a mulher se sente mal, ofendida e tolhida de seus direitos em situações cotidianas básicas. Ela também se sente sozinha e desamparada, sem perceber que isso pode ser um problema maior. Portanto, meu objetivo é mostrar que essas questões precisam ser refletidas no nosso dia a dia, pois representam um peso na vida da mulher, na sua realidade diária.

O livro não trata de uma disputa entre homens e mulheres, não é contra os homens, mas sim a favor das mulheres e da sua identidade. Ele convida as mulheres a refletirem sobre os pequenos aspectos do cotidiano que fazem parte de suas vidas. Portanto, o livro aborda temas como maternidade, trabalho, sexualidade e profissão, bem como os preconceitos que as mulheres enfrentam nessas áreas.

O livro foi baseado nos textos da coluna e do podcast “Mulher de Identidade”. Como foi o processo de transformar esses conteúdos em um livro? Quais foram os desafios e as recompensas dessa adaptação?

Rachel: Sim, a ideia por trás do livro foi que os textos individuais eram bons e, ao juntá-los, formaria um manual. Assim como olhamos para um manual para entender como funciona um produto ou serviço, o “manual da mulher” aborda os desafios, a realidade e o cotidiano da mulher. Percebi que ao somar esses episódios separados, eles formariam uma boa coletânea de episódios e, consequentemente, um livro. Sempre trouxe a realidade da mulher e seus desafios para meus podcasts.

Um dos capítulos trata sobre a sobrecarga enfrentada pelas mulheres durante a pandemia do COVID-19, em que precisavam ficar em casa, educar os filhos e trabalhar, resultando em uma sobrecarga ainda maior. São assuntos pertinentes na sociedade que abordei ao longo dos episódios e decidi trazê-los para dentro do livro, permitindo que as pessoas o carreguem onde quiserem. É um livro para se ter como referência próxima à cabeceira, para consultá-lo sempre que necessário.

Qual é a importância de refletir sobre a identidade feminina nos dias de hoje? Quais são os principais desafios enfrentados pelas mulheres na busca por sua identidade?

Rachel: O termo “nos dias de hoje” é importante porque, embora alguns direitos das mulheres tenham sido conquistados, como a Lei Maria da Penha, que completa agora 17 anos, e o direito de voto, ao longo da história, ainda persiste a falsa impressão de que as mulheres não têm mais nada pelo que lutar.

Quando se fala da mulher, ainda existe a expectativa de que ela assuma a obrigação da maternidade, uma maternidade que deve ser exercida exclusivamente por ela. São responsabilidades que ainda recaem sobre ela, sem compartilhamento desse papel, e muitas vezes a própria mulher acredita que tudo isso é sua obrigação.

Nos dias de hoje, enfrentamos desafios que vêm desde tempos remotos, desafios que as mulheres ainda enfrentam. As demandas das mulheres são atuais, e muitas vezes a mulher perde sua identidade porque não tem a oportunidade de olhar para si mesma. Ela acredita que as necessidades dos outros vêm antes das suas.

Portanto, acredito que o maior desafio para a mulher é buscar o autoconhecimento e entender que ela merece cuidar de si mesma. Quando ela valoriza sua própria existência, ela se torna uma pessoa melhor para aqueles que estão ao seu redor. Ela será uma mãe melhor quando estiver bem consigo mesma, e também será uma esposa melhor quando estiver em harmonia consigo mesma, cuidando de si mesma e cultivando seu amor próprio. Isso lhe dará forças. O principal desafio para a mulher é olhar para si mesma, reconhecer sua importância e cuidar de si mesma.

Como você espera que seu livro impacte as mulheres que o leem? Existem mensagens ou ideias específicas que você espera transmitir aos seus leitores?

Rachel: Eu espero impactar através da reflexão, pois um problema que permanece desconhecido nunca será resolvido. Sempre digo que quando alguém tem consciência de que precisa de ajuda, já percorreu metade do caminho, porque a consciência é um passo importante.

Muitas vezes, quando alguém aponta que temos um problema, se não reconhecemos esse problema, nunca teremos a vontade de resolvê-lo. Portanto, o ponto central é despertar a consciência de que precisamos falar sobre identidade, sobre o “eu”. O “eu” é importante para nossa própria existência. Não me refiro ao egoísmo, mas sim à nossa identidade e essência.

Meu objetivo é fazer as pessoas refletirem sobre as situações que prejudicam nossa identidade, e perceberem que podemos sim ser felizes junto com nossa família, vivendo e respeitando nossa identidade e nossos desejos.

Além das mulheres, você menciona que o livro também é relevante para todos que convivem com elas. Por que é importante que homens e outras pessoas também estejam engajados nessas reflexões sobre a identidade feminina?

Rachel: Porque a causa da mulher não é apenas das mulheres. Sempre enfatizo esse fato porque acho alarmante e preocupante para os homens. Eles são as pessoas que mais sofrem com suicídios devido à pressão social de não poderem ser vulneráveis, de não poderem pedir ajuda, pois isso é considerado algo feminino.

Portanto, olhar para os direitos das mulheres também significa olhar para os direitos dos homens. Os homens precisam reconhecer que isso não é apenas responsabilidade delas, mas também deles. Eles podem dividir, compartilhar e viver em maior harmonia com as mulheres. Devemos nos apoiar mutuamente na vulnerabilidade.

A causa das mulheres não é apenas delas, é da sociedade, pois representamos 85% dos profissionais de saúde. Quando se trata de enfermagem, por exemplo, somos a maioria esmagadora. Na área da educação, a disparidade é gritante, chegando a 92% em algumas fases.

Portanto, a causa das mulheres é a causa da sociedade. As mulheres estão na linha de frente cuidando de nossas crianças, dos doentes e da própria sociedade. Portanto, a conscientização não deve ser exclusiva das mulheres, mas de todos. A consciência precisa envolver toda a sociedade, porque só assim poderemos eliminar o machismo tóxico e valorizar as potencialidades tanto das mulheres quanto dos homens. Ao abordarmos problemas que podem parecer simples, mas que têm um impacto significativo em nossa sociedade, não devemos apenas focar nos dados do feminismo.

Devemos olhar para a mulher que chega em casa às 18 horas, ainda precisa cuidar das tarefas domésticas, dos filhos e ainda ter obrigações em relação ao marido, onde ela acaba perdendo sua própria vontade de viver, sua essência. Também é importante que os homens percebam que muitas das coisas que acreditávamos até agora já não fazem mais sentido, como a ideia de que a mulher deve ser responsável por tudo e valorizar a mulher quando se trata de sua profissão.

É triste ouvir relatos de mulheres que não foram contratadas por estarem grávidas ou que desejavam um emprego, mas eram vistas como um risco por serem mulheres. Esses são preconceitos que as próprias mulheres enfrentam, então não é apenas um problema das mulheres, mas sim um problema da sociedade que tem preconceito contra elas. Embora a biologia feminina nos permita engravidar, somos igualmente capazes em outros aspectos. Precisamos levar essa consciência para toda a sociedade.

Durante a pesquisa e a escrita do livro, quais foram algumas das descobertas mais surpreendentes ou interessantes que você fez sobre a identidade feminina? Há alguma história ou experiência que você gostaria de compartilhar?

Rachel: O mais surpreendente é saber que existem mulheres que são contra outras mulheres. O preconceito muitas vezes está presente entre nós mesmas e é mais difícil de combater, pois as pessoas tendem a ignorar o problema, considerando-o parte do cotidiano, levando-o a sério somente quando resulta em notícias de violência ou morte.

Os pequenos problemas enfrentados pelas mulheres, como ter que recorrer a medicamentos controlados para lidar com a rotina, muitas vezes não são levados a sério, sendo rotulados como questões exclusivamente femininas, relacionadas à suposta sensibilidade e emocionalidade das mulheres, como se não fosse da conta de ninguém. Isso é chocante, pois essas pequenas coisas têm um impacto significativo na vida das mulheres, causando um grande mal-estar.

Eu não tenho uma história específica que eu queira compartilhar, mas tenho experiências pessoais que desejo transmitir. Quero que os leitores entendam que este livro é muito pessoal para mim, refletindo muito do que vejo e das coisas que também vivi. Portanto, a experiência apresentada no livro é real.

Tudo é baseado em fatos reais. Meu objetivo é compartilhar e transmitir a experiência de alguém, inclusive a minha própria. Não escrevi nada no livro do qual não tenho certeza de que tenha ocorrido. Portanto, quando as pessoas leem, devem perceber que há a experiência de alguém ali, uma vivência autêntica.

Por fim, que conselho você daria para as mulheres que estão em busca de uma identidade autêntica e significativa?

Rachel: Um conselho seria que as mulheres questionassem se algo as incomoda, se não se sentem bem com determinada situação, não aceitassem simplesmente por ser assim na sociedade, por todo mundo fazer dessa forma, ou porque é o padrão estabelecido.

O conselho é do tipo: há coisas que as pessoas adoram, mas eu não gosto quando são feitas dessa maneira. Eu não acredito que sou obrigada a isso. Será que eu realmente devo fazer isso só porque todo mundo faz? Portanto, as mulheres devem acender uma luzinha de alerta quando algo as incomodar, pois isso pode estar prejudicando sua identidade. Elas devem prestar atenção nesse ponto.

Prestar atenção em sua rotina diária, em seu dia, identificar o que faz mal para elas e nunca aceitar tudo o que os outros oferecem, apenas por ser considerado “coisa de mulher”. Muitas coisas que são atribuídas às mulheres têm suas raízes em um histórico de preconceitos, que não refletem necessariamente a realidade da mulher. Portanto, se algo te incomoda, observe, questione e converse com pessoas confiáveis para buscar valorizar sempre suas próprias emoções.

Se você precisa abrir mão de quem você é, do que você pensa, do que gosta, como suas preferências de cores ou estilo de cabelo, tudo isso para se encaixar em algum lugar, está errado. Você estará abrindo mão de sua identidade. Nesses momentos, a mulher precisa ficar atenta, acender o alerta e observar.

Esse é o ponto principal. Questionar tudo o que incomoda, tudo o que faz mal e refletir, porque somente a consciência pode gerar mudança. Quando você questiona, traz consciência e é a consciência que promove a transformação.

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Atualizado: 12/07/2023 20:32

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