Neste mês a comunidade médica se mobiliza pela campanha Julho Amarelo, que reforça ações de prevenção e controle das hepatites virais. A hepatite é a inflamação do fígado, um órgão vital responsável por diversas funções do corpo humano, como filtrar toxinas, processar nutrientes e combater infecções.
“Quando o fígado é lesionado de alguma forma a gente dá o nome de hepatite. As causas podem ser diversas: uso excessivo de álcool, acúmulo de gordura no fígado, uso de algumas medicações, além de vírus, quando chamamos de hepatites virais”, explica a infectologista Ana Carolina D’Ettorres.
No Brasil, as hepatites virais mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C. Estima-se que milhões de pessoas no Brasil sejam portadoras dos vírus B ou C da hepatite, mas não saibam, já que a doença costuma ser silenciosa.
“Os sintomas são variaveis: na fase aguda, logo que é infectada, a pessoa pode apresentar febre, fadiga, cansaço, falta de apetite, náusea, vômito, escurecimento da urina, ficar com as fezes pálidas e ter o que a gente chama de amarelão – quando a pessoa apresenta coloração amarela nos olhos, na boca e nas palmas das mãos”, detalha.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que há 10 mil novas infecções por hepatite B a cada ano, e 23 mil mortes. Novas estimativas demonstram que, a cada ano, a hepatite C deve causar 67 mil novas infecções e 84 mil mortes.
Transmissão
Na maioria dos casos a hepatite se resolve espontaneamente. “O corpo tem a capacidade de eliminar a hepatite sozinho. No entanto, alguns tipos de hepatite B e C podem se tornar crônicos, resistindo por anos dentro do corpo da pessoa e causar problemas mais sérios como o câncer de fígado e a cirrose hepática”, alerta Ana Carolina.
A forma de transmissão varia de acordo com o tipo da hepatite: a hepatite A é transmitida por via fecal-oral, por meio de ingestão de alimento contaminado, mão contaminada; as do tipo B e C são transmitidas por meio de sangue contaminado, como acidentes com fontes desconhecidas, compartilhamento de seringas, compartilhamento de materiais como alicates de unha, por exemplo.
A doença também é transmitida por via sexual, principalmente a hepatite B, que é considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST).
“A vacina para a hepatite A está disponível para as crianças em clínicas particulares, enquanto a hepatite B já está no programa nacional de imunização. Já a hepatite C não tem vacina, então a prevenção deve ocorrer por medidas comportamentais”.
A infectologista recomenda que as pessoas façam testes para detectar a hepatite, porque a doença fica silenciosa durante muitos anos.
“Muitas pessoas chegam a conviver por mais de 30 anos com a doença sem saber e descobrem numa fase tardia, quando já existem consequências da hepatite crônica, câncer de fígado ou cirrose. Nesse ponto já fica mais difícil de intervir”. A dica é ir ao médico regularmente e fazer exames de rotina que possam detectar a hepatite de forma precoce, além de manter as vacinas contra as hepatites A e B em dia.